“Aquilo que eu desconheço me controla. Conscientização me fortalece” (John Whitmore).
Todo líder tem premissas e crenças que originam suas ações.
Mas nem sempre se está consciente sobre elas, o que é um grande risco ao exercer um papel de liderança (e também em outros papéis em nossa vida).
Por isso, é tão importante que o líder busque conhecimento e autoconhecimento para que possa agir de forma intencional, entregar bons resultados e crescer em sua jornada.
Quer fazer um exercício de reflexão neste sentido?
Ao longo do texto, vou compartilhar alguns pensamentos e atitudes que um “Líder Completo” costuma praticar em sua gestão.
Em cada uma das sete frases em destaque, você pode parar para fazer uma análise, por exemplo:
De 1 a 5, o quanto essa afirmação representa meus pensamentos e ações?
Sendo 1 = não me identifico nada e 5 = me identifico completamente.
Após dar as notas, faça a leitura completa para compreender mais sobre a ideia proposta e, em seguida, escolha quais serão seus pontos de desenvolvimento como líder. Vamos lá?
1. “Como líder, acredito no desenvolvimento das pessoas e sei que tenho um papel ativo nesse processo”.
Um líder que não investe tempo no crescimento das pessoas da equipe, não entendeu parte fundamental de seu papel. Saber que todos podem desenvolver competências e facilitar pessoas para que isso ocorra, é um comportamento que demonstra maturidade e requer intenção.
Essa facilitação começa ao conhecer o perfil das pessoas da equipe, suas preferências, anseios, objetivos. E passa por ajudar na definição de aspectos específicos que serão foco do desenvolvimento, para que a pessoa possa treinar os novos comportamentos esperado.
2. “Minha comunicação gera impacto no outro, por isso, escolho com cuidado a forma e as palavras com que me expresso”.
“Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura” (Provérbios de Salomão).
Todo líder precisa ter conversas difíceis, se posicionar, dar feedbacks negativos, mas não é por isso que precisa ser grosseiro, insensível, ofensivo – ferir pessoas.
(Ainda) tem pessoas que agem assim porque entendem que desta forma terão resultados – gestão pelo medo, poder, autoritarismo. Alguns que agem assim sem perceber de forma clara o mal gerado e a falta de efetividade.
Em uma relação contínua – como a de líder e equipe, cuidar das palavras e da forma, é investir em um bom clima organizacional e contribuir para maior satisfação no trabalho. Isso não significa só falar coisas positivas e deixar conversas difíceis de lado. Significa cuidar, mesmo tendo situações que demandem postura mais assertiva e decisões difíceis. Do outro lado há um ser humano.
Claro que isso tem muito a ver com missão, valores e o que cada um quer deixar de legado. Mas também tem a ver com produtividade com sustentabilidade.
Certos comportamentos do líder podem ser desmotivação direta e até mesmo geração de adoecimento para as pessoas da equipe. Que tipo de líder você quer ser?
3. “Escuto e faço perguntas que facilitam o avanço para o resultado e amadurecimento das pessoas”
Escutar e fazer perguntas são habilidades poderosas da liderança. Em nossos treinamentos de líderes, observamos que:
->Grande parte dos líderes têm dificuldades de escutar verdadeiramente (natural, afinal tantas demandas e mundo acelerado, não é mesmo?). E como diria nosso querido Rubem Alves: sempre vemos cursos de oratória, mas não de ‘escutatória’ (para quem quer aprender, vale muito a pena ler esse texto dele “Escutatória”).
->A escuta fortalece a confiança e relacionamento ‘líder – equipe’, além de permitir acolhimento e direcionamento de questões sensíveis.
->A partir de uma escuta ativa, surgem perguntas que podem gerar soluções, novas ideias e inovação.
->Uma simples pergunta, pode mudar tudo.
->Um líder que faz boas perguntas pode gerar crescimento e amadurecimento das pessoas da equipe.
A liderança moderna consiste em compreender sobre pessoas e realmente facilitá-las na direção dos objetivos como equipe, para isso, é preciso saber fazer boas perguntas e escutar ativamente.
Que tal colocar mais atenção e intencionalmente escutar e fazer mais perguntas para a equipe?
4. “Conversas transformacionais com pessoas da equipe estão em minhas prioridades como gestor de pessoas.”
Já parou para pensar o que apareceria como resultado se fosse feito um “antes” e “depois” que mostrasse as mudanças ocorridas nas pessoas da sua equipe, no período sob sua gestão? Todo líder precisa entender que gera impacto na vida das pessoas. É claro que a responsabilidade, decisão e outros aspectos necessários à transformação, são de cada pessoa. Mas o líder pode ser um estímulo positivo (facilitador) ou negativo para o indivíduo. Por isso, além de escutar, perguntar, pensar no crescimento das pessoas, é importante que o líder tenha conversas transformacionais como uma das prioridades de gestão. Isso significa abrir espaço na agenda para falar além das tarefas e dos resultados, mas abordar questões do desenvolvimento da pessoa, de forma mais reflexiva, aprofundada e transparente. Nesse espaço de respeito, confiança e preocupação genuína, abre-se caminho uma cultura baseada em segurança psicológica. Enxerga-se o ser humano que realiza o trabalho – quais potenciais, capacidades, habilidades, pontos a desenvolver e necessidades estão presentes. Reflita: como você, como líder, pode contribuir para o bom desempenho e desenvolvimento das pessoas?
5. “Reconheço as pessoas com frequência, pois sei do impacto disso no crescimento, segurança e direcionamento para resultados”.
Reconhecer pessoas apenas no final de um trabalho bem-sucedido é um grande erro que um líder pode cometer. Pior ainda, é quando um líder só sabe criticar e dar feedbacks negativos. Está tão focado nas metas, que passa por cima de tudo, esquecendo de um elemento fundamental – quem faz o trabalho é uma pessoa com emoções, expectativas e se isso não for bem cuidado, também impactará na performance.
Mas quais são formas de reconhecer pessoas diariamente e porque todo líder que inclui isso em sua rotina pode ter resultados melhores?
As nossas palavras geram impacto no outro e normalmente o reconhecimento, a validação, feedbacks positivos trazem uma sensação positiva no outro, podendo gerar motivação, autoconfiança, segurança para agir e conexão.
Pense a partir de sua própria experiência – como você se sente após um reconhecimento de alguém?
Podemos considerar o reconhecimento como uma ferramenta para impulsionar pessoas, e a falta dele, um enfraquecimento do potencial e performance. Concorda?
Quando você diz ao outro o que vê que fez bem – você está direcionando um caminho de continuidade e repetição daquela ação (a base aqui é reconhecer durante o processo e não só em um final bem-sucedido)
Quando você reconhece as forças, potenciais, diz o que vê como características importantes de perfil, você fortalece a autoconfiança da pessoa da sua equipe.
Quando você reconhece pequenas e grandes ações, trazendo a visão de que cada passo é uma contribuição para o todo, traz senso de conexão.
Ah, mas isso é algo muito utópico, o dia a dia é outra história. Faça o teste: por 1 mês, decida reconhecer diariamente as pessoas e veja o que acontece 🙂
Observe expressões, comportamentos, resultados e perceba o que muda. inclusive fazendo isso, você mudará sua própria mente e conseguirá ver coisas que não via antes.
Eu trabalho ouvindo histórias o tempo todo e trabalho facilitando avanços para objetivos, com isso, percebo na prática o quanto o reconhecimento é transformador e impulsionador. Como líder, não perca a chance de exercitar intencionalmente e ver o que acontece ao redor!
6. “Estabeleço acordos claros, planejo e acompanho resultados de forma colaborativa, sempre que adequado”.
O que acontece como impacto disso? Maior engajamento, inovação e senso de equipe. Desta forma, o líder potencializa a inteligência coletiva, descentraliza decisões e atividades e tem a oportunidade de diminuir a sobrecarga mental, o que abre espaço para focar em atribuições mais estratégicas. Para isso, ele atua como um líder facilitador, que é aquele que oferece espaços de escuta, faz boas perguntas e que consegue se comunicar de forma efetiva, também para construir planos de ação e trabalhar a mentalidade de autorresponsabilização de cada um.
É claro que o líder precisa “fazer a lição de casa”, de ter clareza do macro e fazer a leitura do que cabe como construção mais conjunta versus que aspectos ele vai propor de forma mais direcionada e já mais elaborada, e isso depende de uma série de fatores e da formação de processos e rotinas de gestão claros e efetivos.
7. “Quero gerar ambientes de reflexão, focados na visão, solução, ação e resultados”.
Um sinal de maturidade do líder está na forma que ele conduz sua equipe no seguinte sentido: Suas perguntas e conversas são mais focadas em encontrar culpados, fazer julgamentos e falar do problema? Ou suas perguntas e conversas são focadas na visão, solução e ações em direção aos resultados? Em qualquer trabalho, saber encarar as adversidades e lidar com problemas que surgem fará toda diferença no desempenho individual e coletivo. Essa atitude de direcionar a atenção e energia para o lugar mais adequado, de forma útil e inteligente, é um exercício que podemos fazer diariamente. Treinar a nossa mente para fortalecer pensamentos e ações mais funcionais e adaptativas é um caminho que nos faz mais fortes e saudáveis. Para perceber padrões na nossa forma de pensar e agir, precisamos nos observar e questionar com frequência:
“O que estou pensando?”
“O que estou sentindo?”
“Por que estou me sentindo assim?”
“Quais são falas e atitudes que tenho de forma recorrente. Por quê?”
Também podemos nos perguntar, diante de situações difíceis, adversas:
– Qual é a melhor forma de conduzir essa situação, pensando nos resultados que quero obter?
– Qual é o meu papel para resolver isso?
– Tem algo ou alguém que possa me ajudar?
Aqui finalizamos os sete tópicos. Como você se sente: indo no caminho certo? Ou entende que precisa olhar com cuidado para seu estilo de liderança?
Líderes que são abertos ao autoconhecimento e aprendizados, são os que crescerão cada vez mais e serão exemplo e inspiração para pessoas de sua equipe! A boa notícia é que todos podemos nos desenvolver nas habilidades da liderança. Se quiser saber mais, nós da R122 estamos por aqui para conversar!
Texto escrito por Patrícia Schuindt, que é Psicóloga e Professional Certified Coach (PCC), credenciada pela ICF (International Coach Federation), e atua em processos de Coaching de Líderes e trainer da formação O Líder Completo. Para falar com a Patrícia: pschuindt@r122.com.br