
Hoje falaremos sobre a importância de dizer não, algo super comum das pessoas terem dificuldade de fazer. E, para abordar o tema, proponho alguns pontos de reflexão: prejuízos, motivações, crenças, clareza e comunicação.
Quanto aos prejuízos, importa lembrar que toda vez que deixo de dizer não estou colocando mais uma coisa dentro do meu cesto… e uma hora esse cesto vai ficar cheio, o que pode significar uma sobrecarga pessoal em diversos aspectos, afetando inclusive minha capacidade de atender a todas as demandas que assumo. E isso leva ao segundo principal prejuízo, que é o fato de acabar deixando pessoas ‘na mão’ e demandas no meio do caminho, gerando muitas vezes efeitos importantes inclusive na percepção que há sobre mim, meu comprometimento e capacidade de entrega.
E daí cabe falar sobre as motivações, pois muitas vezes o que nos motiva a não dizer não acaba por impactar negativamente naquilo que justamente queremos proteger. Vamos elencá-las pra facilitar:
- Busca por atender expectativas – quando tenho a tendência de querer atender as expectativas das pessoas, há uma grande probabilidade de ter dificuldade para dizer não.
- Perfeccionismo – acontece quando busco sempre ter tudo perfeito, certinho e redondo. Dizer não para algo significa uma afronta ao perfeccionista.
- Desconforto com o confronto – é fato que o ‘não’ pode gerar uma resposta negativa no outro, que tem suas necessidades e expectativas. Quando tenho mais dificuldade de lidar com ambientes desarmônicos, muito possivelmente evitarei dizer não.
- Crenças a respeito do que é ser um bom profissional – tem relação com o que acredito sobre o que faz um bom profissional. Se pra mim um bom profissional está sempre disposto, disponível e consegue lidar com tudo, terei muita dificuldade de dizer não.
Além da motivação, importante também entender algo que vejo constantemente – o fato de que as pessoas geralmente pensam no dizer não como algo binário: ‘ou digo sim, ou digo não’. Mas na verdade o ponto aqui não é propriamente o ‘não ou sim’, mas o saber estabelecer limites, o que nos faz sair de um universo de preto e branco e nos leva para uma ampla possibilidade de cinzas. Afinal, estabelecer limites tem relação com saber negociar nos mais diversos aspectos após alguém receber e compreender uma demanda específica.
Outro ponto que vale tratar é a questão da clareza para se estabelecer um limite, e aqui também cabe elencar os tipos de clareza que podemos buscar ter:
- De si próprio – tem relação com o entendimento de como eu estou lidando internamente com a situação para perceber o que são minhas dificuldades individuais.
- De objetivos reais – refere-se aos objetivos maiores; o que se pretende atender num nível mais macro.
- De contexto – é aquilo que cabe ou não e o que é importante dentro de um contexto específico.
A partir do momento que tenho maior clareza sobre esses pontos, ganho também maior clareza sobre os limites e negociações cabíveis… e inclusive os casos em que o ‘sim’ ou ‘não’ serão de fato adequados, além de quando a autogestão é a questão em pauta.
O próximo ponto é a comunicação. Depois de me entender, entender o contexto e tudo mais, é importante que eu de fato comunique o limite – sempre com sabedoria. Afinal, se você parar para perceber, quando não temos clareza de um limite que deveria ser colocado e preferimos nos calar, muito possivelmente nossa feição nos entregue 100%. E talvez esse seja um bom sinal de que é hora de dar um passo pra trás pra perceber que cabe negociar algo ou estabelecer algum limite. Não parta do princípio que não comunicar o limite não deixará claro que ele existe… e da pior forma possível.
Para finalizar, lembre sempre que saber dizer não de forma Inteligente e estratégica trará benefícios tanto a você como a seu contexto. Reveja os pontos propostos neste texto e analise a si próprio… e, claro, faça algo a respeito!
É isso aí.