Lembro a primeira vez que escutei a frase ‘você é uma pessoa de pessoas’… quando ainda nem trabalhava com desenvolvimento. Depois fui aprendendo que há pessoas cujo foco são pessoas, enquanto outras tendem a se focar mais em tarefas e, apesar de pessoas serem extremamente complexas e dificilmente descritas por categorias que generalizam, esse é um aspecto que nos ajuda a entender melhor o que mobiliza cada um.
Ser uma ‘pessoa de pessoas’ ou uma ‘pessoa de tarefas’ não é necessariamente bom ou ruim e, como qualquer característica, precisa ser lapidada para benefício de quem as possui e daqueles que o cercam. ‘Pessoas de pessoas’ muitas vezes podem se perder na busca por aprovação e esse é o foco desse texto – trazer à consciência esse risco e uma abordagem para fazer ajustes (em outro momento podemos abordar os riscos das ‘pessoas de tarefas’).
Por exemplo, conversava com um cliente que trabalha o desenvolvimento de sua identidade como líder e uma das grandes transformações que aconteceram foi ter saído de uma liderança reservada, tímida e mais executora, para uma liderança mais estratégica, dinâmica, com uma comunicação direta, mas que ao mesmo tempo cuida do acolhimento e respeito às pessoas.
O que aconteceu com esse cliente? Bem, primeiro digo que ele é uma daquelas ‘pessoas de pessoas’, mas esse foco estava sendo usado de uma maneira prejudicial, porquanto a inconsciente necessidade de aprovação fazia com que se preocupasse tanto com o que as pessoas pensavam de si, que acabava se desconectando de si mesmo, de seus valores e de tudo que sabia fazer tão bem. Chegava mesmo a não conseguir entrar em contato com o que verdadeiramente pensava sobre as situações, ficando inseguro grande parte do tempo e extremamente responsivo a qualquer feedback que recebesse, pois era o único norte que tinha para se apoiar.
À medida que o processo de desenvolvimento avançou, esse cliente passou a se conhecer melhor, entender seus valores, suas forças, suas deficiências, suas convicções; e começou também a testar trabalhar com base no que acredita ser certo, ao invés de focar na aprovação ao que pensava ou fazia. Ao começar a testar novos comportamentos nesse sentido percebeu que a aprovação – que antes era o foco central – começou a surgir como consequência. Afinal, seus posicionamentos passaram a ser diretos e coerentes, além de outras coisas boas começarem a surgir.
Hoje, o viés ‘pessoas’ é utilizado para enxergá-las, liderá-las e gerar um ambiente motivador em que há respeito a todos, sem prejuízo da comunicação direta, do foco em tarefas, metas e avanços.
Outro exemplo marcante de minha vida aconteceu com uma amiga muito especial. Ela mesma dá seu testemunho nesse sentido. Mais de uma vez usou seu próprio exemplo para ajudar outros a saírem desse modo da ‘busca pela aprovação’. Ela conta que no início de sua carreira era muito focada na aprovação, em fazer as coisas do jeito que se esperava e, como o foco central era esse, acabava sendo menos consistente e segura. Justamente por conta desse foco (melhor chamar de distração), ela quase entrou numa lista de cortes de seu empregador à época, o que a fez reequilibrar seus pensamentos e formas de trabalhar.
Foi então que surgiu uma das profissionais mais focadas, competentes, coerentes e bem-sucedidas que já conheci. Seu foco em pessoas foi ajustado e passou a ser usado para exercer com mestria sua atividade, chegando a ser uma referência em seu mercado de atuação.
O que podemos aprender com esses exemplos? Que por vezes, ao buscarmos a aprovação como foco central, corremos muito maior risco de não a alcançarmos! Por isso é extremamente importante se conectar com quem você verdadeiramente é, com seus valores, suas forças, suas metas. O foco, a coerência, a consistência gerarão a credibilidade que você tanto busca… quando você menos esperar.
Pense na sua própria vida e na de pessoas que o cercam. Quem poderia se beneficiar desse pensamento? Teste, compartilhe e avance. Vai valer a pena!
É isso aí.