Você talvez não saiba que tenho dois livros escritos, um que se chama Avançando para o Alvo e traz estruturas e ferramentas para ajudarem as pessoas a definirem e avançarem para alvos; e outro chamado Comunicação que Transforma, o qual ensina sobre comunicação interpessoal com uma abordagem científica e prática.
Lembrei de um trecho inicial do Avançando para o Alvo quando conversava com uma cliente que, ao começar um trabalho de desenvolvimento comigo, encontrava-se numa fase confusa em que se sentia desequilibrada no balanço entre vida pessoal e profissional. Ela tem filhos pequenos e não conseguia se dedicar a eles, o que estava impactando tanto na satisfação pessoal, como na percepção de produtividade e capacidade de cumprir adequadamente seus papeis.
Ao longo do processo, uma das coisas que aconteceu com essa cliente foi aprender a fazer escolhas e impor limites, tendo atingido um estado de mais tranquilidade e paz. Com isso, percebeu que apesar de talvez não ter realizado grandes mudanças na dedicação de tempo na equação profissional x pessoal em si, o fato de estar mais em paz com suas escolhas permitiu com que se tornasse mais presente e mais produtiva tanto no trabalho como em casa. Estranho? Não…
Foi falando sobre esse reconhecimento que lembrei do trecho do livro Avançando para o Alvo que fala da dificuldade de fazer escolhas para definição de alvos… afinal, é como já diz o ditado: “toda escolha envolve uma renúncia”… e isso se aplica a mim, a você, e a qualquer pessoa. E isso vai ajudar você a entender o que aconteceu com essa cliente.
Veja, toda vez que fazemos uma escolha lidamos com a incerteza, o que o cérebro detesta e o que busca evitar a todo custo. Quando temos um alvo a definir, nos deparamos tanto com a escolha do alvo em si, o que envolve a priorização de aspectos em detrimento de outros; como nos deparamos com a escolha dos caminhos a seguir. Em ambos os casos, por mais que se busque informações, faça análises, projeções e cálculos de risco, ainda assim haverá uma grande parcela de incerteza, uma vez que estamos falando de futuro.
É aqui que recorro a uma analogia do livro para ajudá-lo a considerar como pode ser usado na sua vida – seja no contexto de liderança, vida pessoal, profissional, escolhas macro ou micro…
Pense que toda escolha funciona como uma bifurcação. Você quer chegar em algum lugar e há possíveis caminhos para o levarem para lá, sendo que você não tem certeza de qual será a melhor opção, mesmo quando há informações e crenças a respeito das possibilidades. Afinal de contas, você ainda não passou por nenhum deles, não tendo como prever, de fato, o que vai acontecer.
Você olha para os caminhos e tem de escolher um… e de pronto já é importante entender que enquanto não consegue fazer e bancar a renúncia, será difícil fazer a escolha. E às vezes isso faz com que olhe para um lado, para outro, e fique parado no lugar um tempo enorme antes de dar o próximo passo.
E mesmo que faça a escolha em determinado momento, é possível que entre no caminho escolhido mas não pare de olhar e se distrair com o outro, o que faz com você não: aproveite o caminho, aprenda o caminho, interaja de forma crítica com o caminho. E por que isso acontece? Porque o cérebro estará distraído, não prestando atenção de maneira adequada e portanto não criando registros de forma otimizada.
Da mesma forma acontece na nossa vida… seja nas escolhas maiores ou menores que fazemos, quando conseguimos fazer uma escolha e bancamos a renúncia, isso afeta principalmente 3 pontos: satisfação, aprendizado e produtividade. Afinal, quando banco minha decisão e entendo de forma consciente minhas renúncias, o foco e o nível de certeza mudam, e isso faz com o que o cérebro baixe a guarda, aprenda melhor, tome melhores decisões, entenda melhor as situações, resolva melhor os problemas, etc.
Entendeu agora por que minha cliente, mesmo sem mudar o tempo dedicado a cada papel de sua vida, tornou-se mais produtiva e satisfeita? Porque ela aprendeu a difícil habilidade de fazer escolhas! E quanto será que isso poderia ajuda-lo também?
É isso aí.