Sabe aquele ditado: “Quem fala o que quer, ouve o que não quer”? Essa frase remete à ideia de que se você não cuida do que fala para uma pessoa e eventualmente a ofende, dará a ela o direito de ofendê-lo de volta.

Agora, o mais curioso é pensar que, na realidade, essa frase está conceitualmente equivocada. Geralmente quando ofendemos alguém é porque estávamos exaltados, ou emocionalmente comprometidos. Nesse estado é muito fácil responder com base na raiva, medo, frustração, reagindo com mais força e menor filtro. E geralmente o sentimento que surge quando voltamos a raciocinar é de termos falado o que não devíamos ou não queríamos. Então, na realidade esse ditado deveria ser assim “Quem fala o que NÃO quer, ouve o que não quer”.

E é justamente pensando em falar o que queremos que compartilho a reflexão deste texto.

Há algumas semanas trabalhava com uma cliente na gestão de sua equipe e percebemos que muitas vezes ela queria ensinar/passar algo às pessoas, mas o fazia somente por meio de atos e não por uma comunicação clara. Por exemplo, ela queria que a equipe tivesse mais responsabilidade e senso crítico para liberar materiais, mas em vez de comunicar diretamente o que queria construir, dava orientações pontuais do que deveria ser feito, o que resultava num foco nos detalhes e não no aprendizado macro que se buscava atingir.

Veja, o que ela estava fazendo já era um avanço, pois ela sabia o que queria e estava agindo diferente. Mas o que chamou atenção foi não comunicar claramente o que queria, não tendo como garantir que as pessoas entendiam e aprendiam o que precisavam. E o mais curioso foi que, quando percebeu esse movimento ela levantou a possibilidade de estar se protegendo de algum desconforto mas, ao refletir mais especificamente chegou à conclusão de que, pelo contrário, comunicar a intenção de construir, seguir objetivos e preparar a equipe era algo ótimo e só traria um alinhamento para todos.

O que essa cliente viveu é algo que vejo o tempo todo. Quantas vezes nos perdemos em ‘dar voltas’ ao redor do que queremos comunicar por algum medo de desconforto e acabamos gerando o belo e bom ‘boi na linha’? Achamos que estamos sendo claros sem expressar claramente o que queremos, gerando frustração, além de um desconforto real e retrabalho de todos os lados.

Quando ensinamos a respeito de Comunicação Direta a líderes, uma das coisas que percebemos é o quanto as pessoas têm dificuldade em ter clareza sobre seus próprios pensamentos e consequentemente dificuldade em se comunicar de maneira clara. E com isso ensinamos algo simples: tenha clareza do que está pensando e comunique, sempre cuidando de seu interlocutor.

E com base nisso quero deixar uma fórmula para você testar daqui pra frente:

1. Tenha clareza do que quer comunicar/ensinar/passar.

2. Cuide de seu interlocutor – seja generoso.

3. Use uma comunicação simples e direta para abranger ao máximo sua ideia – acredite, as chances de absorção das pessoas aumentará muito.

4. Se houver dúvida sobre o alinhamento, verbalize!

Ou, se posso resumir esses 4 pontos… sabia o que quer falar e… fale o que quer!

É isso aí.

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