Muita gente me procura e pede por dicas sobre o que fazer e o que não fazer para ir bem em entrevistas. Buscam mais um ‘passo a passo’ e fórmulas – um caminho mais fácil e padronizado – em vez de se preocupar com o que é realmente essencial durante o preparo para processos seletivos: autoconhecimento.

Aprendi isso ao longo de minha experiência com Recrutamento e Seleção, tive o privilégio de trabalhar no terceiro setor, setor público e privado, já entrevistei desde jovens de 16 anos até profissionais mais seniores com seus 60 anos e para organizações de diferentes tamanhos e culturas. Por esse motivo, em parceria com a Patrícia, sócia da R122 e criadora do curso Trilhas da Carreira 4.0, criamos esse conteúdo que esperamos ajudar você a se preparar melhor, confira abaixo!

Patrícia: Quais foram os piores erros que você já viu um candidato cometendo? Cite alguns erros comuns e porque a pessoa não deve fazer isso.

Mariel: Consigo pensar em vários erros, mas dois se destacam para mim. O primeiro é quando o candidato demonstra uma postura e fala arrogante durante a entrevista. Claro que é ótimo saber se vender e apresentar segurança ao responder as perguntas, mas em alguns casos o candidato se preocupa tanto em passar autoconfiança que exagera e soa mais como arrogância. Como evitar isso? Treinando com pessoas próximas, de confiança, que conseguirão dar um feedback honesto e útil sobre a forma que está transmitindo sua mensagem (ou mesmo fazendo simulação de entrevistas com profissionais capacitados: nós da R122 podemos ajudar!).

O segundo erro, infelizmente bastante comum, é mentir no currículo e/ou entrevista – o motivo para não fazer isso deveria ser óbvio – é errado! Mas… vamos lá: mentir em qualquer etapa do processo seletivo é um grande tiro no pé – se mentir sobre ter realizado determinado projeto, por exemplo e for contratado para fazer algo parecido, rapidamente a mentira será descoberta. As empresas têm estratégias para conferir se informações fornecidas pelos candidatos são verdadeiras, como a busca por referências profissionais com antigos pares e gestores do candidato. Além disso, o entrevistador normalmente percebe quando alguém está mentindo durante a entrevista.

Patrícia: Pense naquela pessoa que está buscando um novo emprego e quer muito conseguir a vaga. Como ela pode se preparar para ir bem na entrevista? Você teria alguma dica de passo a passo, pensando no que você costuma avaliar em um candidato?

Mariel:

1. Refletir sobre a sua trajetória profissional e criar algo que facilite a visualização dessa jornada, até para conseguir resgatar essa imagem durante a entrevista quando for contar sua apresentação pessoal. Essa visualização pode ser facilitada, por exemplo, com a criação de uma linha do tempo.

2. Lembrar quais foram os principais acontecimentos, aprendizados e conquistas:

São muitos pontos para analisar e uma ferramenta que ajuda muito nessa análise é o S.T.A.R., sigla para “situação-tarefa-ação-resultado”. Pense no contexto, qual era a entrega esperada, o que você fez de fato e qual foi o resultado concreto obtido. Você pode fazer esse exercício de forma customizada para cada processo seletivo, já que determinadas experiências da sua trajetória serão mais relevantes para determinadas vagas.

3. Entender bem por quais motivos deseja a vaga, pensar em perguntas que gostaria de fazer para entrevistador (caso tenha oportunidade de perguntar), como: qual é a cultura da empresa, ambiente de trabalho, nível de autonomia etc.

4. Pensar também no que espera alcançar em seu futuro profissional, quais são seus objetivos de curto, médio e longo prazo, o que está fazendo hoje para atingir estes objetivos e como a oportunidade para qual está sendo avaliado se encaixa nestes objetivos.

Patrícia: Algo muito comum que percebo em pessoas que estão participando de processos seletivos é querer responder o que o entrevistador quer ouvir. A minha visão é que existe uma linha tênue entre conseguir comunicar bem quem você é, o que fez e tudo mais e querer “acertar o gabarito”…Eu entendo que muitas pessoas perdem ao fazer isso e podem gerar desconfiança ou não passar o seu melhor na entrevista. O que você acha disso? Poderia comentar e dar orientações sobre o assunto?

Mariel: Esse é um dos erros que vejo muitos candidatos cometerem. É importante lembrar que cada processo seletivo e cada candidato é único, então querer ‘acertar o gabarito’ nem faz sentido, já que o candidato dificilmente saberá qual é esse gabarito. O que pode ser bem visto por determinado entrevistador, pode gerar um efeito negativo para outro, cada processo seletivo pode ser estruturado para extrair diferentes informações e buscar evidências de diferentes competências. Dessa forma, o melhor caminho é se conhecer, conhecer bem sua trajetória e tentar extrair dela o que for mais relevante e conectado com a posição pleiteada.

Patrícia: Como uma pessoa deve responder à pergunta “quais são seus pontos fortes e quais são seus pontos fracos”? Somando seu conhecimento em recrutamento e seleção e desenvolvimento de pessoas, como alguém pode se preparar e mostrar brilhantismo na resposta?

Mariel: Uma dica é refletir sobre quais das suas características realmente ajudam e quais realmente atrapalham seu desempenho profissional. Em seguida, pensar em exemplos concretos de quando estas características te levaram a ter sucesso em determinada entrega ou quando foram uma desvantagem.

Entender que um ponto muito evidente do seu perfil pode ser tanto positivo quanto negativo também ajuda. Por exemplo, você pode ser uma pessoa muito atenta aos detalhes e se estiver sendo avaliado para uma vaga que exigirá análise de dados e uso de planilhas, essa característica será muito útil! No entanto, se a vaga for para trabalhar em projetos que requerem uma visão mais macro e uma velocidade maior de execução, esse ponto pode ser negativo.

Por último, caso tenha dificuldades de identificar suas principais características, vale lembrar de feedbacks que já recebeu ao longo da sua trajetória profissional e que fizeram sentido para você, que o moldaram de alguma forma, pensar em quais conseguiu absorver e como melhorou.

Patrícia: Deixe uma mensagem final pra todos que estão nesse momento de passar por processos seletivos.

Mariel: Sabemos que é um momento difícil e desafiador, mas é importante lembrar que vai passar. Essa busca chegará ao fim e enxergar o problema como uma oportunidade, por mais clichê que seja, é crucial para navegar bem durante esse período.

Exerça a autocompaixão e autocuidado, cuide da sua saúde mental e procure ajuda sempre que necessário! Esteja rodeado de pessoas que querem o seu bem e sucesso, isso dá uma força extra nessa jornada. Aproveite para testar caminhos que em outro contexto não tentaria, fique atento às mudanças no mercado de trabalho e não tenha medo de dar o que aparentemente pode ser visto como ‘passos atrás’ para então conseguir avançar.

Aproveite esse tempo de busca para se capacitar! Atualmente há uma grande oferta de cursos online, grupos de apoio e conteúdos gratuitos nas redes sociais. Inclusive uma das soluções da R122 é o Career Planning, a qual envolve exatamente esse ponto chave: facilitamos o processo de autoconhecimento, planejamento e tomada de decisões profissionais, de forma totalmente personalizada para cada cliente. Conte conosco em seu processo!

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