Nos treinamentos que damos para líderes, capacitamos com ferramentas de coaching para gerar equipes de alto desempenho. E invariavelmente surgem conflitos internos para esses líderes, como por exemplo o fato de que as pessoas crescerão e poderão se tornar uma possível ameaça, além do ‘risco’ de se gerar um ambiente honesto para que as pessoas entrem em contato com suas próprias inseguranças e se coloquem em posição de vulnerabilidade e incapacidade. Há líderes que precisam viver a sensação das coisas prontas, redondas, completas, ou se sentem muito inseguros.

É um conflito no mínimo interessante, porque querem ter equipes que voem, mas ao mesmo tempo ficam preocupados com o caminho e as consequências disso…

O ser humano é altamente complexo. Ele faz coisas que não quer e não consegue fazer o que quer muitas vezes. Tem convicção de como as coisas deveriam ser, mas no dia a dia tem grande dificuldade de se comportar e atingir o que considera ideal.

É um misto de pensamentos e sentimentos que se fundem, formando uma massa cinza que funciona como uma nuvem que não deixa a pessoa ter clareza e segurança de quem verdadeiramente é, do que verdadeiramente deseja de si e dos outros, e por aí vai.

E com tudo isso acabamos exigindo das pessoas comportamentos, desempenhos e entregas, e tais exigências se tornam uma cultura coletiva em que todos têm de ter respostas, e respostas em qualquer dado momento. Não se considera que as pessoas jamais terão todo conhecimento existente, e muitas vezes terão o conhecimento necessário para dada situação, mas lhes faltará outras capacidades que ainda precisarão ser desenvolvidas. Isso sem contar momentos em que fatores diversos impactam a capacidade de raciocínio e tomada de decisão… de qualquer ser humano.

Sabe, tudo isso acontece… é verdadeiro… e deixamos de lidar com a verdade no anseio permanente de ter nossas inseguranças alimentadas por aqueles que nos rodeiam e de quem dependemos para atingir o que consideramos importante. Esperamos falso, recebemos falso, decidimos falso, concluímos falso…

Quando a verdade se tornou menos importante do que ter todas as respostas na ponta da língua? Quando a verdade se tornou menos importante do que a aparência de que tudo está bem? Quando se tornou menos importante do que a ilusão, do que o fazer por fazer, do que mostrar que está tudo dominado?

E o mais incrível é pensar que essa reflexão fará sentido pra qualquer um que entrar em contato com ela… mas a pergunta que restará é: o que você fará de diferente depois de pensar nisso?

O conflito que coloquei no início desse texto é uma realidade que a maioria dos líderes vive. Arrisco dizer que todo e qualquer líder quer vencer e ter times incríveis, mas muitos vivem o medo de serem ultrapassados ou de não saberem como lidar com as incertezas e incapacidades das pessoas, e isso faz com que escolham viver no controle, na aparência, ao invés da verdade.

Sabe, mesmo em contextos mais próximo a todos como o “fazer um bolo”, se eu não conheço os ingredientes que verdadeiramente tenho, como posso planejar o bolo que verdadeiramente quero? Adiantaria alguém me dizer que tenho ovo se não tenho? Ou que tenho a farinha, o açúcar adequado, se isso não é verdade?

Se você é líder, quero convidá-lo a pensar daqui pra frente no seguinte: Se você quer fazer um bolo, é fundamental que conheça os ingredientes que realmente tem disponíveis e que atue no máximo de suas habilidades para lidar da melhor forma com cada um, seja para extrair o máximo do singular e do coletivo, seja para buscar a mais harmônica combinação entre eles, seja para fazer aquilo que só você sabe, ou mesmo para pedir ajuda a quem tem o que você não tem… Só assim você terá o bolo que deseja!

E pra fechar, cito numa tradução livre Brené Brown, PhD conhecida por suas palavras sobre vulnerabilidade, vergonha, entre outros:

“Vulnerabilidade soa como verdade e toca como coragem.

Verdade e coragem nem sempre são confortáveis, mas jamais serão fraqueza.”

É isso aí.

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