Para muitas pessoas, e porque não dizer a maioria delas, planos e alvos de longo prazo podem ser grandes desafios. Em geral eles podem causar uma certa paralisia, seja porque parecem grandes ou inatingíveis demais, seja porque não se sabe por onde começar ou o que priorizar.

Outra coisa que quero colocar aqui se refere ao que chamamos de crenças, que em vários outros textos já mencionamos. Crenças são verdades absolutas que construímos no nosso pensamento e que têm o poder de nos impulsionar ou nos limitar na vida. Quando, por exemplo, acreditamos lá no fundo que ‘não somos capazes’ de algo, as chances de tentarmos ou perseverarmos se reduzem consideravelmente.

O motivo pelo qual explanei esses dois conceitos é porque eles muitas vezes andam juntos… As ‘paralisias’ que ocorrem quando nos deparamos com grandes planos e alvos de longo prazo podem decorrer de vários aspectos, sendo que minha experiência aponta três principais: inexperiência em trabalhar com alvos, desorganização interna e crenças limitantes que impedem a pessoa de enxergar com clareza. É nessa terceira que vamos focar neste texto.

É bem comum nos depararmos com pessoas que desejam atingir grandes alvos, mas não acreditam (muitas vezes de forma inconsciente) que possuem recursos, ou que merecem chegar lá, ou tantas outras coisas. Quando nos deparamos com uma pessoa assim, ao mesmo tempo que trabalhamos para desconstruir suas crenças limitantes, também podemos ajudá-la a dar passos que lhe mostrem que o avanço é, sim, possível. Em muitos casos o simples ‘quebrar em metas menores’ pode ser a resposta para se sair da estagnação e eventualmente alcançar o alvo maior. Em outros, ideias como pausas e linhas do tempo podem fazer toda diferença nesse avanço.

Por exemplo, trabalho com uma cliente bastante perfeccionista e focada, mas que tinha dificuldade de se organizar. Em determinado tempo ela criou métodos rígidos de organização e os seguiu à risca, até que percebeu que estava ficando muito estressada e inflexível. Foi nesse momento que se deparou com dois pequenos conceitos que fizeram toda diferença para seu próximo passo de desenvolvimento: a pausa e a linha do tempo.

Ao se determinar na organização, minha cliente passou a ter muita dificuldade em fazer escolhas e priorizar, pois pra ela havia duas teclas apenas: play, ou stop. Ou seja, ou ela encarava algo e mergulhava de cabeça naquilo, ou parava de uma vez por todas. Suas decisões eram permanentes e, portanto, tomá-las gerava grande ansiedade. Ao descobrir a tecla pause ela entendeu que suas decisões não precisavam ser permanentes e, mais do que isso, lhe dariam muitas vezes a oportunidade de fazer testes conscientes e avaliações mais consistentes.

Além disso, essa profissional se sentia extremamente sobrecarregada e obrigada a fazer tudo ao mesmo tempo. Isso também impactava fortemente suas priorizações e até mesmo a própria organização, pois seu foco de atenção ficava em diversos lugares ao mesmo tempo, o que é fisiologicamente prejudicial para a memória e a produtividade. Foi então que descobriu a ‘linha do tempo’, ou seja, a possibilidade de pensar mais a longo prazo e fracionadamente em suas obrigações e entregas, o que lhe daria muito mais fôlego e até mesmo eficácia no que viesse a seguir.

Veja que, se por um lado as descobertas de minha cliente parecem óbvias e simplistas, no caso dela dependeram de investigação interna, autopercepção e insights profundos, que transformaram a forma de conduzir sua vida, suas decisões e seu trabalho. Em determinado momento perguntei a ela como estava se sentido e a resposta foi: ‘aliviada…. parece que tirei vários pesos de meus ombros’

Se você é alguém que se cobra muito e/ou tem dificuldade de olhar para planos e alvos de longo prazo, que tal considerar algumas dessas ideias? Teste quebrar em metas menores… teste introduzir a tecla do pause ou até mesmo uma linha do tempo. Talvez você também possa dizer após algum tempo: ‘estou aliviado’.

É isso aí.

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