Será que nossa comunicação pode impactar na produtividade das pessoas ao nosso redor?

É fato conhecido que um certo nível de estresse auxilia na produtividade, enquanto mais do que isso pode ser prejudicial em diversos aspectos. Isso já era previsto por autores e teorias como do Flow, de Mihaly Csikszentmihalyi (anos 1990), e a Lei de Yerkes e Dodson (início dos anos 1900), sendo comprovado posteriormente pelas descobertas da neurociência, que demonstra por meio de estudos e pesquisas os efeitos físico-químicos do estresse no cérebro.

Como já mencionado em outro texto de nossa autoria (Os dois lados da autocobrança), tais estudos mostram que quando passamos por qualquer tipo de tensão, alguns neurotransmissores são liberados, dentre os quais a dopamina (que gera a química do interesse/atenção) e a noradrenalina (também conhecida como norepinefrina, responsável pela química do alerta). Amy Arnsten, neurobiologista de Yale, passou 20 anos estudando o córtex pré-frontal (CPF) e descobriu que para uma sinapse (ligação entre neurônios) acontecer de forma correta no CPF é necessário um nível ideal dos dois neurotransmissores aqui descritos.

Quando a situação é de grande relaxamento, e portanto há pouca ou nenhuma liberação desses neurotransmissores, experimentamos falta de foco, de organização e raciocínio. Há um possível sentimento de marasmo e fica difícil lembrar das coisas ou tomar decisões muito complexas.

Por outro lado, quando há grandes níveis de estresse acontece uma inundação de dopamina e noradrenalina, o que causa uma confusão e sobrecarga nas conexões neurais, quando então nossos sistemas automáticos de bater ou correr tomam conta da cena. Além disso, há também o ‘tal’ do cortisol, conhecido vilão do estresse. Enquanto um pouco dele ajuda em toda atuação focada, muito, e especialmente quando esse muito é crônico, pode até matar neurônios…

Agora, pense que todo líder quer gerar ambientes produtivos e ativar pessoas com boas respostas, certo? E, por incrível que pareça, a forma com que nos comunicamos tem grande impacto sobre isso. Afinal, líderes afetam as pessoas e isso será feito primordialmente pela comunicação, seja ela verbal ou não verbal… Assim, o que falo, como falo, como olho, minha postura… tudo isso será percebido e absorvido pelas pessoas, gerando um efeito nelas, que poderá ser de marasmo, neutralidade, algum estresse, ou muito estresse.

Deixe compartilhar uma situação pessoal que passei há poucos e que ilustra um pouco disso num nível bem cotidiano, lembrando que liderança e paternidade têm algo muito forte em comum: a responsabilidade por gerar pessoas maduras, aptas, saudáveis e capazes de atingir resultados.

Meu filho fez algo que não devia e tomou uma boa bronca, voltando pra mim com cara de cachorro sem dono e dizendo “mãe, estou me sentindo culpado”. Vendo que ele corria o risco de entrar na vitimização e no estresse improdutivo, disse a ele que a culpa não ajudaria em nada e que não era para se sentir daquela forma (afinal, erros acontecem), mas que era, sim, para ele assumir a responsabilidade por olhar para o futuro e ver o que dava pra aprender e fazer para resolver a situação, que era real e importante. Ou seja: responsabilidade com maturidade mas sem culpa, o que tenderia a gerar um foco improdutivo para ele e para a situação.

Honestamente acho que algumas pessoas (principalmente as mais imaturas) tendem a relaxar com o tempo quando a corda não está no pescoço, mas o esforço contínuo para gerar indivíduos positivamente responsáveis no médio/longo prazo valerá muito a pena!

Assim, quando peso demais a mão sobre um liderado, uma equipe, um colaborador, um voluntário sobre algo que aconteceu, uma meta que precisa ser atingida, dependendo da forma como comunico – e especialmente se isso for algo contínuo – serei capaz de gerar mais ou menos produtividade, bem como respostas mais inteligentes e menos defensivas, ou justamente o oposto!

Bom… e agora, com clareza do exposto, fica a dica, separada em pontos… comece a prestar atenção na sua interação com seus liderados:

Ah, para fazer essa análise é importante ter clareza de quem são os indivíduos com quem caminha, pois o nível de resposta e produtividade será bem particular.

Dá trabalho? Sim. Mas grandes líderes se propõem a desenvolver grandes competências para gerar grandes resultados!

É isso aí.

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