Há alguns dias participamos de uma palestra da Dra. Carla Tieppo, Neurocientista (http://carlatieppo.com.br/), em que ela falava sobre a Neurociência aplicada ao ambiente corporativo, o que tem tudo a ver com a R122.

Falando sobre a assustadora e inevitável inteligência artificial, Dra. Carla nos levou a uma reflexão de que a liderança caberá sempre ao ser humano, mesmo com robôs mais inteligentes cognitiva e emocionalmente do que nós. E o que discutimos em ambiente fechado trouxe o reforço de considerações importantes que compartilho nesse texto.

O ponto da liderança que foi levantado na palestra anda ao redor da admiração. Uma liderança legítima não é imposta, mas sim conquistada, e envolve a adesão emocionalmente voluntária de indivíduos ou grupos ao que o líder pensa e faz. Por isso faz sentido, pelo menos para mim, que o ser humano não venha a admirar um robô, por mais incrível que ele seja. Talvez possamos nos afeiçoar, mas não sei se admirar… realmente é uma reflexão que teremos de comprovar num futuro talvez não tão distante assim.

E, quando falamos de admiração, há dois pontos que são muito relevantes na figura do líder: a paixão e a relação.

Quando falo sobre paixão, não me refiro ao sentimento contundente e passageiro que atinge as pessoas em relacionamentos afetivos; mas me refiro à paixão de propósito, de ser, de perseguir, se construir. Um líder tende a buscar algo que considera maior do que si próprio e acredita de forma visceral no que persegue. Ele acredita mesmo quando as circunstâncias parecem improváveis e muitas vezes corre o risco de estar errado ou de falhar, pois o propósito vale a pena. Sua paixão o faz perseverar mais, enxergar mais, comunicar mais, arriscar mais, decidir mais… e o curioso é que normalmente buscamos essas habilidades num líder, sem entender que elas são naturalmente existentes quando a paixão está presente.

Veja que essa paixão não precisa ser por coisas mirabolantes – pode estar na paixão que um líder tem de gerar um determinado tipo de ambiente, construir um projeto… se ele acredita que cumpre um propósito maior, cumpre esse quesito.

Além disso, há também o outro ponto, que é a relação. Na palestra Dra. Carla falou bastante sobre o ponto da ressonância, mas ouso distender dentro do que me faz sentido. No sentido da relação, um líder atua em duas frentes: a consonância e a ressonância.

A consonância está no fato de que o líder auxilia as pessoas a se sentirem parte, seja pelo reconhecimento de onde de fato a pessoa se encaixa no contexto maior, seja pela orientação ou facilitação para que o indivíduo busque o crescimento e desenvolvimento necessários para se encaixar. A consonância é uma parte mais ‘hard’ da relação e se refere a ‘você tem o formato e se encaixa no quebra-cabeças’.

Já a ressonância está na validação, não apenas do que a pessoa faz, mas de quem ela é, sendo a parte mais ‘soft’ da relação. A ressonância tem a ver com o reconhecimento, a valorização, o sorriso, o acreditar.

Se alguém sente que se encaixa no contexto maior (é consonante) e se sente validado pelo líder (há ressonância de quem é e o que faz), acontece o que a psicologia chama de ‘crença da autoeficácia’ (Albert Bandura) – a pessoa crê que tem os recursos necessários para avançar e ir além, o que aumenta (e muito) suas chances de sucesso real.

O mais curioso é que sempre se pensa na liderança como o conjunto de diversas competências que, como bem disse a Dra. Carla, constituiriam um super-humano. Uma das coisas que a Neurociência explica é que aquilo que está por trás da razão é o que verdadeiramente dá sustentabilidade às coisas… e, sendo assim, faz todo sentido que um líder busque desenvolver, acima de tudo, esse binômio paixão/relação.

E você? O que pensa sobre isso e como suas conclusões podem ser aplicadas a sua liderança? Independentemente de sua concordância ou discordância, o mais importante é chegar a conclusões que o façam crescer como líder a cada dia.

É isso aí.

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