‘Contrate caráter, treine habilidades’, disse Peter Schutz, que presidiu a Porsche entre 1981 e 1987, período em que a companhia teve grande expansão em vendas.

Curioso receber essa frase de quem esteve à frente de uma companhia que fabrica um dos produtos de consumo mais idealizados e desejados do mundo – símbolo de beleza, desempenho, força, potência… atributos que, na minha percepção, podem ser equiparados às habilidades existentes nas pessoas. E, produzindo um ‘ser’ tão cheio de qualidades, Schutz olhou para a liderança e valorizou, mais do que qualquer habilidade, o caráter…

E antes de continuar a leitura peço que feche os olhos por um segundo pra deixar a última frase penetrar no coração…………………………….

Se você consome artigos, livros, vídeos e afins sobre liderança, já percebeu que não há unanimidade nesse conceito, como já foi dito em outros textos da R122. Processo… estado… habilidades… e mesmo havendo tantas explicações e abordagens, quando olhamos para o mundo no seu cotidiano, percebemos que há uma demanda massiva por líderes com todas as habilidades já desenvolvidas… mas quase nunca vemos a busca pelo caráter…

Falava com uma cliente que está num momento crucial de seu processo de autoconhecimento. Ao investigar o que pessoas de seu relacionamento profissional e pessoal veem nela, surpreendeu-se em perceber quantas habilidades são reconhecidas por aqueles que conviveram e convivem com ela em situações diversas.

Essa cliente tem um altíssimo nível de autocrítica, e portanto mais dificuldade de se perceber de forma objetiva. Como ficou feliz de receber devolutivas como: capacidade de escuta, boa comunicação, organização, planejamento, resolução de problemas, visão macro, administração de crises, bom relacionamento, objetiva, ponderada, sabe dizer não, clareza mental, entre tantas outras características que são tão requeridas por qualquer ambiente de trabalho e qualquer contexto de liderança…

Mas eu… que trabalho com tantas pessoas e tenho a missão pessoal de trazer verdade aos ambientes… fiquei muito impressionada com duas devolutivas que usaram as mesmas palavras e me chamaram especial atenção – ‘firmeza de caráter’………………………………..

Não sei se minha cliente percebe o valor disso… mas se Schutz estiver certo a respeito de liderança e se o caráter é (ou foi em sua época) o motor principal da Porsche, parece-me que ela está às portas de abraçar o potencial de uma liderança repleta dos atributos desse carro inacreditável – beleza, desempenho, força e potência, pra dizer no mínimo!

E, para finalizar, quero que pense em você mesmo. O que você tem valorizado na liderança – tanto sua como nos outros? São, como tão sabiamente disseram a minha cliente, aspectos firmes como o caráter? Sabe… eu creio que, assim como habilidades, o caráter também pode ser desenvolvido, pois depende de uma mudança de mentalidade o que, segundo as neurociências, é totalmente possível… e, uma vez desenvolvido, o caráter muda os contextos e gera essa firmeza, em todos os aspectos, pois o caráter é coerente, sólido e construtivo!

Então… que tal fazer um exercício pessoal… que história você quer contar sobre sua liderança daqui a 10 ou 20 anos? Que papel você quer que o caráter tenha nessa história? E nesse exercício pense que você também pode ter o coração de uma Porsche!

É isso aí.

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