Neste texto falaremos da liderança que começa no ‘líder de si mesmo’… daquela que vemos em líderes inspiradores e que geralmente apresentam um ótimo nível de autoconhecimento e autogestão.

Existe um processo para o surgimento de um líder. Ainda que existam pessoas que olhemos desde pequenas e já atribuamos a elas traços de liderança, o fato é que o processo e o aprendizado são fundamentais para qualquer liderança de fato.

E é muito importante que, antes de liderar projetos e/ou pessoas, a pessoa aprenda a liderar a si mesma, pois, quando estiver à frente desses projetos e/ou pessoas, terá um acréscimo de complexidades com o qual não conseguirá lidar da melhor forma caso ainda corra o risco de ser constantemente traída e distraída por seu próprio universo interno.

Ou seja, se ainda fico muito perdido no que penso, sinto e como ajo, na hora de ter de administrar informações e dinâmicas externas pelas quais sou responsável talvez tenha muito menos clareza para tomar decisões, sendo portanto menos eficiente, produtivo e eficaz.

Vamos falar de um exemplo?

Almoçava com um líder com quem tenho um relacionamento de amizade. Conversávamos sobre várias coisas e ele me contou que havia convidado duas pessoas para estarem à frente de um projeto voluntário em sua organização e elas não estavam respondendo com a responsabilidade que ele esperava, o que estava lhe gerando incômodo. Daí me contou que ia conversar com elas a respeito e eu, conhecendo esse aspecto da ‘autoliderança’, perguntei o que ele imaginava colocar na conversa. Sua resposta foi emoldurada por uma expressão de irritação e um pouco de cinismo, na linha do “vou perguntar o que estão achando de sua atuação no projeto”

Vendo sua expressão, perguntei a ele o que realmente estava por trás daquela abordagem… Continuamos uma conversa muito sincera e ele acabou percebendo uma agenda da qual não havia dado conta, que era de fazer com que aquelas pessoas ficassem envergonhadas, o que, como líder, não era o que queria gerar de verdade. Assim, pensando em seu papel de uma forma mais macro e proposital, se conectou com dois resultados que gostaria de gerar: tanto que aquelas pessoas assumissem de fato o projeto com responsabilidade e postura de dono, como que ele, como líder, fosse capaz de orientá-las e fomentar seu crescimento para serem cada vez mais maduras e capacitadas.

Quando percebeu seu incômodo pessoal e o estratagema inconsciente que estava criando, chegou à conclusão de que, se tivesse agido da forma inicialmente considerada, muito possivelmente se distanciaria do que queria… tanto no que se refere a sua formação como líder, como no resultado objetivo e mais de curto prazo que queria atingir.

Se ele não tivesse parado para se perceber – suas motivações e agendas internas – talvez tivesse gerado um movimento de ruídos que poderiam tanto afastar os voluntários de assumir o projeto, como isso poderia impactar a relação num sentindo mais amplo. Mas, como parou para se perceber, compreendeu melhor o que realmente queria de tudo aquilo, afastando as distrações e gerenciando suas decisões de maneira muito mas inteligente e estratégica.

Este é um pequeno, mas ótimo exemplo, de como um líder precisa antes de tudo ser líder de si mesmo. Este é um passo… talvez o grande primeiro passo… para uma liderança excepcional.

Meu convite para você hoje: seja você alguém que já ocupa posição de liderança, seja alguém que deseja chegar lá, perceba-se constantemente nas situações! Identifique seus valores, seus reais objetivos macro e micro, bem como seu próprio processo de desenvolvimento. Perceba-se e gerencie-se pensando na construção que você deseja ter no curto, médio e longo prazo.

É isso aí.

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