Conversava com uma cliente que tem trabalhado em grandes frentes de sua vida como o estabelecimento de alianças, organização e gestão de equipe. Em função de um projeto específico que envolvia considerável mobilização de pessoas e recursos, compartilhou comigo um sentimento muito comum a quem encara um grande desafio: o medo.

E assim que me compartilhou seu sentimento perguntei a ela ‘medo do que’, e daí decorreu uma conversa esclarecedora e norteadora. Ela compreendeu que havia duas sensações: uma de estar à frente de um grande novelo emaranhado, não sabendo por onde começar; e outra de saber que poderia lidar com muitas resistências para implantar um projeto de extrema importância para sua organização e para sua cidade.

A partir do momento que entendeu o que a assustava, parou para identificar seus recursos e o que já havia utilizado anteriormente em projetos bem sucedidos, tendo a percepção de que ‘a ponta do novelo’ havia sido identificada e sabia por onde começar. Além disso, também entendeu melhor que, como seu projeto envolvia grandes mudanças para muita gente, seria natural ter uma resistência, pois em geral as pessoas têm dificuldade para lidar com mudanças, mesmo quando essas são para melhor (veja nossos posts e vídeos sobre como é difícil lidar com a mudança).

Gosto de pensar na situação de minha cliente como alguém que está para desafiar um gigante, mas a priori não consegue perceber direito que gigante é esse, sendo que, a partir do momento que para de se proteger e começa a analisá-lo, consegue entender ‘quem é o gigante e o que é necessário para derrubá-lo’.

Veja, o que aconteceu com minha cliente é algo que temos de ter consciência todos os dias: lidamos com vários gigantes…. gigantes de tamanhos e periculosidades diferentes, e temos em geral a tendência de deixar o medo e a leitura de nosso cérebro (= sistema límbico) dominarem a cena e ativarem uma automática resposta de ‘bater ou correr’. Perdemos a clareza sobre a situação e não sabemos bem por onde começar, colocando os percalços como obstáculos intransponíveis que colocarão tudo a perder. É praticamente o final dos tempos!

Mas, assim como aconteceu com minha cliente, temos a capacidade de olhar bem de frente para cada gigante e chamá-lo pelo nome, entendendo quem de fato ele é para pensarmos nas melhores armas para se lidar com ele e levá-lo ao chão.

Gosto muito de uma história que nossas crianças aprendem quando pequenas e que tem uma grande mensagem por trás: a história de Davi e Golias. Davi era um menino pequeno, pastor de ovelhas, que se colocou para desafiar um gigante guerreiro que inspirava medo em todos. Davi sabia usar muito bem a funda e já tinha matado um urso e um leão com ela. Por isso, olhou bem para o gigante (que aliás fez pouco caso dele), entendeu qual era seu ponto fraco e usou o que sabia para derrotá-lo – levando-o ao chão com uma pedrada bem no meio da testa.

E toda essa reflexão me faz considerar… Será que os gigantes que encaramos hoje podem ser derrotados? Será que já temos as armas e equipamentos necessário para levá-los ao chão? E, se não tivermos essas armas, será que saberíamos quem ou o que acessar para chegar à vitória que buscamos?

Talvez seja hora de parar para refletir, não é? Que tal fazer três coisas?

  1. Liste seus gigantes (maiores e menores) – olhe-os de frente e pense nos seus pontos fracos e nos recursos que você já tem para derrotá-los.
  2. Adote uma nova forma de encarar os gigantes que aparecerem na sua vida. Não se esconda mais, nem se encolha pelo medo, pois isso fará com que não consiga entendê-lo – dê nome aos medos, sabendo exatamente o que são, para que então possa pensar em como derrotá-los.
  3. Faça disso um hábito!

É isso aí.

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