Você já parou para perceber uma semelhança negativa entre líderes, mentores, professores e coaches? Em geral, todos se cobram saber tudo e ter todas as respostas! Afinal, líderes “deveriam” entender tudo de todas as esferas que envolvem sua liderança; mentores “deveriam” ter todas as respostas que seus mentorados necessitam; professores “deveriam” ter todas as informações que seus alunos precisam saber; coaches “deveriam” ter total conhecimento do funcionamento humano e ter todas as respostas para ajudar alguém a atingir o que precisa. Não é mesmo? Talvez não seja bem assim…

A grande verdade é que por mais que alguém seja expert em determinado assunto, o cérebro foi criado de forma a nunca parar de aprender. Hoje, inclusive, sabemos que novos neurônios nascem até morrermos (em especial no hipocampo), o que está diretamente ligado à capacidade de geração de novas memórias e, portanto, aprendizados. Seria muito sem sentido termos um cérebro apto a aprender até morrermos e assumirmos que atingimos o ápice de todo aprendizado antes disso, não?

Também sabemos que o cérebro é mutável ao longo de toda vida, sendo capaz de se transformar estrutural e funcionalmente a partir das experiências que o ser humano tem – seja o que ele fala, o que escuta, o que vive, o que sente, etc. Isso se chama neuroplasticidade e embasa o fato de sermos capazes de desenvolver habilidades, adquirirmos novos aprendizados e termos nossa própria identidade transformada ao longo do tempo, até o ponto de “ligar e desligar” a manifestação de cargas genéticas! Assim, seria raso pensar ser possível atingir uma estatura estável em nosso cérebro, desenvolvimento e até mesmo senso de “eu”, do outro e do mundo. Ou seja, mesmo quando achamos que atingimos o ápice, esse ápice estará em constante mudança.

Além disso, sabe-se muito bem que pessoas que acreditam não terem mais a aprender limitam seu próprio crescimento, como demonstra de forma hábil a Dra. Carol Dweck em sua obra Mentalidade, bem como estudos e pesquisas realizadas no campo do desenvolvimento humano. Sem contar que o mundo muda, pessoas nascem e novas descobertas são feitas o tempo todo… e há uma infinita complexidade dentro de cada indivíduo e seu próprio funcionamento que excede em muito o próprio conhecimento que se tem sobre o ser humano.

Então é assim…. um professor que não se propõe a aprender; um líder que não se propõe a ser liderado; um mentor que não se propõe a receber conselhos e direcionamentos; ou ainda um coach que não se submete à vulnerabilidade, descoberta e transformação de um processo de coaching… todos esses se colocam numa posição de limitação e demonstram sua falta de preparo justamente por quererem parecer preparados demais.

A condição sine qua non para todos esses profissionais é praticar três aspectos básicos: 1. humildade, 2. vulnerabilidade, 3. a consequente abertura para continuar aprendendo e crescendo sempre. Se a verdadeira semelhança entre eles está no fato de serem referências, esses três aspectos são a base para que se tornem referências cada vez mais aptas e excelentes para cumprir seus propósitos.

Pense hoje na sua própria vida e na dos profissionais que são referência para você. Como está a mentalidade e atitude em geral? Há uma maior cobrança pelo “saber e ter tudo”, ou a vulnerabilidade, humildade e postura de aprendizado estão levando à expansão e crescimento?

Agora imagine se todos os ambientes tivessem essa maturidade – onde estaria o nível de preparo genuíno e até produtividade das pessoas? Quanto mais expandirmos nosso aprendizado, melhor poderemos impactar nossa própria vida e das pessoas ao redor.

Pense nisso e aja a respeito!

É isso aí.

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