Dentre tantas microcompetências contidas na macrocompetência liderança, um líder completo necessariamente valoriza e desenvolve uma capacidade em especial, que é a de formar outros líderes. Esse é o tema que vamos tratar nesse texto.

Veja, o líder completo é aquele que não se preocupa simplesmente com a entrega de resultados, seja diretamente ou por meio de sua equipe; mas é também aquele que se preocupa em facilitar o processo de formação e amadurecimento de pessoas, gerando uma equipe de líderes que têm condições cada vez maiores de tomar decisões, se autogerenciar e ter autonomia – pra dizer no mínimo.

E, se por um lado isso representa o sonho de consumo de qualquer contexto/organização, bem como para o próprio líder – que passará a ver cada vez mais e melhores resultados com menor esforço pessoal -, por outro lado pode representar também um desafio referente à confiança…

Mas, confiança de quê?

Bom, imagine que você sempre foi valorizado por algo que faz e sua presença foi requisitada para coisas que só você conseguia dar conta. De repente, aparece alguém que aprende a entregar o mesmo que você entrega, e às vezes até melhor. O que seria normal acontecer nessa situação? Sentir insegurança pela possibilidade de não ser mais necessário, não é mesmo? Aliás, isso aconteceria com qualquer pessoa…

E esse é o racional por trás do líder que forma líderes. Afinal, se ele preparar pessoas para serem suas sucessoras e desempenharem tão bem, é muito possível e provável que coisas que ele fazia não sejam mais necessárias… e até que essas coisas sejam mais bem feitas do que eram por ele. É aqui que a questão da confiança entra, pois ela é fundamental para geração de produtividade!

Pois é, quando um líder se propõe a formar outros líderes, ele automaticamente assume o risco de colocar sua posição e relevância em cheque, afinal, antes ele era necessário muitas vezes na própria execução e quase sempre no direcionamento… que passará a ser muito menos essencial para o bom andamento das coisas e o desempenho da equipe à medida que outras pessoas se capacitam.

Num contexto como esse, se esse líder não confiar em si mesmo e no ambiente que ele criou, com certeza haverá impacto na sua própria produtividade, bem como possivelmente nas relações com as pessoas da própria equipe, o que por sua vez pode impactar negativamente em tudo aquilo que foi construído! Aliás, importante lembrar que a neurociência embasa o fato de que as pessoas buscam por relações de confiança, uma vez que o cérebro poupa energia quando está pautado nesse cenário. E isso é especialmente verdadeiro em relações de liderança.

“E agora? Vou me tornar desnecessário?” – a resposta é não! Bem…. não se acontecerem algumas coisas, dentre as quais:

Assim, e para rumar para um final, hoje o ponto sobre que refletimos é: líderes completos formam líderes e o fazem de forma facilitadora. E quando as pessoas crescem, talvez o líder não seja mais necessário. Nesse contexto, ter confiança em si mesmo, no ambiente que fomentou e saber virar essa página com novos alvos, formas de trabalhar e estratégias será a garantia de que você, líder, continuará levando a si mesmo, sua equipe e organização a novos níveis.

Pois é… existem muitos desafios a serem enfrentados pela liderança e esse é um deles. Precisamos estar prontos!

É isso aí.

Juliana de Lacerda Camargo é especialista em transformação de líderes e organizações. Possui mais de 20 anos de experiência com pessoas, gestão e liderança. Fundadora da R122. Managing Partner da C4TL Brazil. Consolidada experiência em processos de desenvolvimento com executivos e líderes, bem como treinamentos, workshops e palestras sobre desenvolvimento humano, liderança, neurociências e comunicação – no Brasil e exterior. Autora de Avançando para o Alvo e Comunicação que Transforma.

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