Você já parou para perceber como os desconfortos impactam nossa liderança?

Quantas vezes alguém deixa de fazer o que esperávamos, ou vemos uma reação desalinhada com nossa expectativa, ou percebemos um resultado diferente do que almejamos e ficamos muito frustrados e às vezes até com raiva, o que por vezes nos leva a reagir de maneira diferente do que gostaríamos e aquele póstumo… ‘por que eu fiz isso?’

Pois é, o fato é que esse tipo de desconforto traz um componente sentimental grande, especialmente quanto se refere a coisas que são importantes pra nós e expectativas frustradas. Nesses casos é comum nosso cérebro nos pregar peças e nos tirar a clareza consciente para reagir ao sinal de uma aparente ameaça. E isso afeta nossas decisões, a forma com que gerenciamos as pessoas e os relacionamentos, a forma com que nos comunicamos, etc. E nada disso é bom para um líder, certo?

Mas a parte boa é que há como gerenciarmos isso! E, não, não defenderemos a linha da razão absoluta, pois as emoções têm papeis muito importantes em nossa vida. Assim, o que podemos fazer é algo em dois passos: aproveitar a emoção para identificar o gatilho que nos gera desconforto e gerenciar nossa resposta a partir de então.

Veja, há desconfortos que apontam para problemas reais, mas há aqueles que apontam para problemas nossos. E explico isso por meio de um exemplo pessoal.

Tenho um filho adolescente e sou bem exigente com ele. Outro dia explicava pra ele que essa exigência tem relação com o fato de vê-lo como um diamante bruto e ser responsável por ajuda-lo na lapidação. Mas, o que também expliquei é que essas exigências às vezes serão mais legítimas e às vezes menos, e tudo tem relação com o que está por trás do meu desconforto. Quando há um desconforto relacionado a algo que precisa ser lapidado nele, a exigência é mais que adequada. Casos como estudo, esporte, leitura da Bíblia e princípios, por exemplo (aspectos importantes em nossa família), têm tudo a ver com isso. Já quando falo de organização, por outro lado, existe uma parte que é dele… em que ele precisa aprender a planejar e organizar… masssss, há uma parte minha, que se refere a quanto valorizo uma casa arrumada e bonita. Então, tem coisa que é dele, mas tem coisa que é minha! (tudo bem que enquanto ele morar comigo vai ter que aguentar as minhas excentricidades, rs)

Quando faço isso, ajudo meu filho a aprender que há desconfortos reais, mas há desconfortos que são muito individuais, além de ajudá-lo a entender melhor o meu ‘modelo de gestão’ em casa e me ajudar a estabelecer as regras do jogo com clareza pra todo mundo.

Eu gosto muito de equiparar liderança a paternidade. Acho que um bom pai é um bom líder e vice-versa…. porque aqui não estou falando sobre os aspectos talvez mais ‘mimimi’ da paternidade, mas estou falando de ser um agente facilitador e potencializador do crescimento de outra pessoa. Isso é ser pai… e isso é ser líder!

Agora, num contexto mais amplo, qual seria a importância, então, de se agir dessa forma? Quando entendemos o que é nosso e não é, dá pra escolher melhor as brigas e atitudes que se seguem!

E, baseado numa conversa bacana que tive com um cliente uma vez, levando aqui a possibilidade de 3 critérios para identificar se um incômodo é ‘meu ou é real’:

1. Resultados – meu desconforto tem relação com algum resultado objetivo? E aqui podemos falar de objetividade num número, na condução de um projeto, na construção de uma cultura, e por aí vai.

2. Contextos – meu desconforto tem relação com alguma exigência real do contexto? Ou seja, será que o contexto exige algo que não está sendo atendido? E aqui falamos também de valores, princípios e cultura.

3. Pessoas – meu desconforto tem relação a algum impacto negativo sobre as pessoas, seja de desenvolvimento, seja outras coisas?

Caso meu desconforto não atenda a nenhum desses critérios, talvez se trate de algo muito individual meu e portanto tenha de ser autogerenciado… ao invés de atribuído a outros (ou jogado sobre eles, rs). Assim, uma vez que eu tiver mais clareza da natureza de meu desconforto, posso ter mais clareza também das decisões a serem tomadas e cursos de ação a serem adotados, agindo com mais inteligência.

Pois é… o fato é que vamos ter muitos desconfortos em nossa liderança. E ter clareza sobre se é ‘meu ou se é real’ é ter maior clareza de decisões e ações, gerando mais eficiência, eficácia, melhores alianças, etc.

Mais uma dica referente a inteligência emocional, tomada de decisão, comunicação… Espero que possa fazer a diferença em sua vida!

É isso aí.

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