Uma coisa que encontro constantemente em meus processos de coaching é a dificuldade das pessoas em lidar com as “más intenções” alheias.

Pare pra pensar. Geralmente o que nos incomoda não é tanto o erro da pessoa, mas a intenção que julgamos haver por trás dele.

Vou dar um exemplo prático. Você fez grande esforço pra conseguir uma reunião e foi deixado “plantado” por mais de uma hora, sem conseguir contato com a pessoa. Se você imaginar que o “bolo” foi resultado de desconsideração e desrespeito, terá um tipo de sentimento. Se imaginar que aconteceu algum imprevisto com a pessoa, sentirá algo bem diferente. Quando a intenção é boa, nós geralmente somos muito mais tolerantes com o erro…

Agora, existem momentos em que uma pessoa erra e não há má intenção, mas há o que chamo de modo de sobrevivência. O que acontece com uma pessoa que tem seu modo de sobrevivência ativado? Ela pensa menos e reage mais, pois seu cérebro busca uma única coisa: sobreviver a todo custo. E se isso é bom em situações de perigo real, no dia a dia pode ser muito complicado.

É mais ou menos como duas pessoas que estão se afogando e uma se apoia na outra pra sobreviver. Em condições normais talvez elas não imaginassem serem capazes disso… E isso é reproduzido ao nosso redor todo dia. Aquele que fala mal de outro para se livrar de uma potencial competição; aquele que mente para não ter de lidar com algo que gere grande desconforto; ou ainda aquele que expõe pessoas quando sente que está sob grande pressão.

Às vezes as pessoas possuem crenças e/ou medos que as levam a interpretar questões do cotidiano como um perigo real. Um perigo de ser demitido, de ser traído, de ser desrespeitado… e ao menor sinal desses pensamentos a pessoa entra no modo de sobrevivência, fazendo coisas que não faria em outras condições.

Olhe para si mesmo? Quantas vezes você olhou pra trás e não teve nenhum orgulho do seu comportamento, mas o explicou pelo risco que enxergava naquele momento… você provavelmente estava vivendo no modo de sobrevivência.

E com isso levanto a reflexão de que existe a má intenção, existe a boa intenção e existe o instinto de sobrevivência, que explica muitas de nossas escorregadas… mas que definitivamente não as justifica!

Sabe porque não justifica? Pense numa coisa, quem você mais admira quando vê um filme? O herói que foi fiel a seus valores a despeito de todas as lutas, ou aquele personagem que disse “mas eu não tinha escolha”?

Lembro daquele filme “O Diabo Veste Prada” em que a mocinha do filme joga seu emprego no lixo quando percebe que tinha se deixado levar pelo modo de sobrevivência…

Sim, nós temos escolha… Olhe-se, conecte-se, seja a verdade nesse mundo.

É isso aí.

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