Ao se falar em desenvolvimento humano – seja no âmbito pessoal, profissional, social, etc. – é inevitável entender que por trás de tudo está a mente – pensando, sentido e funcionando como uma espécie de central de controle da nossa vida… de nossas interpretações, ações e decisões.
O problema é que grande parte dessa mente funciona de maneira automática, interpretando, gerando ações e reações decorrentes do grande movimento inconsciente que acontece dentro de nós. Seguimos vivendo sem parar para questionar, nos conscientizar e decidir sobre nós mesmos, e portanto somos levados por aquilo que nem sequer entendemos.
E, nesse movimento automático, se a mente entende que algo é um perigo e você não nota, você vai reagir como se um perigo real estivesse acontecendo. Se a mente entende que algo é bom e você não questiona, vai seguir adiante e agir em conformidade com o que sente quanto àquela situação.
No contexto organizacional, gestores mais imaturos acreditam que desenvolvimento é papo de ‘abraçar árvore’ e que as pessoas ou têm/são ou não. Além disso, também acreditam que esse ‘ter/ser ou não’ pode ser medido pela rapidez com que as pessoas respondem às demandas (preferencialmente de forma automática) … e que não há relação entre a capacidade de uma pessoa e como sua mentalidade está construída naquele momento.
Por outro lado, o que gestores mais maduros percebem é a relação direta da mentalidade construída com tudo o que acontece… com a pessoa individualmente e com o ambiente em que ela transita. Aliás, mais do que isso, esses gestores percebem que a mentalidade coletiva constitui uma cultura, que por sua vez embasa as atitudes e desenvolvimentos de um determinado grupo.
Saber desse aspecto pode ser a diferença entre ser ou não produtivo, sabia? Pequenas mudanças na mentalidade podem funcionar como pequenos desvios no início de uma jornada. Desvie 15 graus quando começar a caminhar em linha reta e, ao final, estará a uma grande distância do ponto que desejava alcançar inicialmente! Da mesma forma, uma pequena mudança na mentalidade pode impactar exponencialmente no resultado e na produtividade.
Há poucos dias conversava com um cliente (aqui chamado de ‘X’) que é gestor numa indústria de grande porte e conversávamos sobre as demandas da liderança da companhia versus a disposição de sua equipe para responder. Enquanto a liderança constantemente buscava o próximo degrau de produção, a equipe constantemente dizia ser impossível.
Ao refletir sobre o tema, X chegou à conclusão de que as mentalidades dessas duas pontas eram completamente diferentes: enquanto os líderes eram pressionados por resultados e por isso estavam sempre buscando o próximo nível, sua equipe tinha a preocupação de aumentar o estresse sobre as máquinas e acabar gerando algum erro, quebra e/ou parada na produção, daí adotando uma postura reativa e defensiva. Toda vez que a liderança pedia mais produção, automaticamente a equipe percebia um perigo iminente de erro e, porque não dizer, uma potencial catástrofe.
Ao se lembrar disso, X parou para pensar em si mesmo e em como ele mesmo já havia funcionado assim e como a mudança de sua mentalidade para aprendizado e crescimento estava impactando sua própria capacidade de tomada de decisão e solução de problemas. Lembrou também das vezes que a equipe tinha conseguido ir ‘além’ e resolveu chamar a todos para compartilhar com eles a percepção que tinha tido sobre as mentalidades e lembá-los do que já tinham conseguido fazer e mostrando que seriam, sim, capazes de ir além.
Qual foi o resultado daquela única reunião? Houve um recorde de produtividade num único dia, num nível que ninguém pensava ser possível! Esse é um exemplo totalmente literal de quanto a mudança de mentalidade de uma equipe pode afetar a produtividade de uma indústria! O soft impactando no hard!!! Que incrível!
Lembro daquele filme ‘Uma linda mulher’, da década de 1980 (é, pessoal… o tempo passa) em que a ‘mocinha’ era uma prostituta que foi resgatada daquela vida por um bilionário bonitão, que por sua vez foi resgatado emocionalmente pela prostituta. Numa cena em que os dois conversavam, ela contava para ele porque tinha largado tudo para ir para as ruas, e uma frase que me marcou quando ainda era adolescente foi: “As pessoas ficam te colocando pra baixo e uma hora você começa a acreditar nelas. As coisas ruins são mais fáceis de acreditar. Você já parou pra perceber isso?”
Ainda que se trate de uma obra fictícia, ela retrata a mais pura verdade – aquilo que acreditamos sobre nós define quem somos e nossas escolhas.
Agora quero convidar você a pensar um pouco… quais serão as mentalidades que limitam suas decisões, sua liberdade e sua fluidez? Quais são aquelas que limitam suas maiores capacidades, ou mesmo seu autoconhecimento? Que tal parar um pouco para considerar quais são as mentalidades que mais atrapalham seu desenvolvimento e pensar, hoje, em pequenos ajustes que podem ser feitos?
Lembre-se: se 15 graus na origem podem nos distanciar de onde queremos chegar… o ajuste de apenas 15 graus pode fazer você atingir o alvo bem na mosca!!!
Coragem, honestidade com você mesmo e paciência para dar um passo depois do outro!
É isso aí.