(Fonte da imagem: site Neuropsicopedagogia na sala de aula)
Enquanto você lê esta mensagem, algumas áreas do seu cérebro ativam a sua Memória Operacional. Certo…mas o que é isso?
Para responder a essa pergunta, tive a participação super especial da Dra. Flávia Heloísa Dos Santos, que é Psicóloga e, atualmente, é Investigadora da Universidade do Minho, Portugal e Professora voluntária do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Bauru*.
Apenas uma observação – decidi compartilhar sobre esse assunto porque vejo que quanto mais eu sei sobre como meu cérebro funciona, mais aprendo sobre como lidar em algumas situações. Então, aqui é apenas um começo e pretendo compartilhar mais informações sobre isso com você. Quando falamos de Memória, falamos de alguns conceitos muito importantes para a nossa vida, no campo pessoal ou profissional.
“Somos aquilo que recordamos (ou que, de um modo ou de outro, resolvemos esquecer)” (Izquierdo)
Dra. Flávia, você poderia explicar o que é a Memória Operacional (MO)?
“A memória operacional (MO) é a capacidade de reter e manipular informações por curtos períodos de tempo. É uma habilidade fundamental para a aprendizagem, tanto de informações simples quanto de complexas. Portanto, esta memória é utilizada em situações cotidianas, profissionais e educacionais. Por exemplo, enquanto uma pessoa faz um cálculo mental como 12 x 5 (realiza diversas operações simultaneamente: organiza os números espacialmente, multiplica, soma, e memoriza os resultados parciais até chegar ao resultado final) ou quando um condutor recebe indicações de como chegar ao próximo posto de gasolina (vire à direita, siga reto até a rotatória e depois do semáforo gire à esquerda) pode memorizar tanto as palavras quanto organizar uma imagem mental do caminho, e as informações permanecem ativas enquanto são necessárias para realizar a tarefa”, segundo Flávia.
Como funciona a memória operacional? “Não existe consenso entre os pesquisadores sobre todos os processos envolvidos no funcionamento da MO. Por isso há vários modelos teóricos, dos quais o que mais se destaca é o de Baddeley & Hitch (1974), revisado algumas vezes por Alan Baddeley, nos últimos 40 anos. Segundo este autor a MO teria pelo menos três componentes: um verbal (para memorizar informações de palavras, frases, aprender um novo idioma, etc) e outro visuoespacial (para memorizar as imagens mentais, por exemplo visualizar mentalmente a disposição dos objetos em seu quarto), ambos coordenados por um controlador atencional, responsável por identificar qual é a informação relevante no momento presente, na qual a pessoa precisa se centrar. A MO também se comunica com o que aprendemos previamente na infância ou em outras ocasiões, ou seja, com a nossa memória de longo prazo. Dessa forma, algumas informações captam a nossa atenção imediatamente, sobretudo se são afetivas (falar com uma pessoa muito simpática, receber uma crítica no trabalho) ou se podem nos livrar de algum perigo (como o som de um disparo). Para guiar a nossa atenção avaliamos o contexto em que estamos ao receber tais informações e consideramos o nosso aprendizado em outras situações semelhantes. Essa capacidade de determinar se uma informação tem valência positiva, negativa ou ameaçadora é função de outro componente do sistema, o detector hedônico. Por fim, em cada experiência a MO integra o conjunto de informações atencionais, auditivas, visuais, emocionais e de longo prazo em um episódio único, criando uma recordação consciente do momento presente”.
Muito obrigada, excelente!!!
Essas informações me fazem pensar: Quando tenho escolha, a que tipo de experiências e situações me submeto? Que tipo de conhecimentos estou buscando? Que informações têm “entrado em minha mente” todos os dias? Afinal, essas situações ocasionarão novas conexões e recordações. Por isso, sempre que possível, é bom “se alimentar” do que faz bem para a mente e faz você “ir pra frente”.
Se você tem interesse em saber mais sobre Neuropsicologia, veja esse livro lançado este ano – recomendo!!! NEUROPSICOLOGIA HOJE, segunda edição – (SANTOS, F.H.; ANDRADE, V. M.; BUENO, O. F. A. (Orgs.). Neuropsicologia hoje. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.)
*Flávia também é Especialista em Psicologia da Infância pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP e Doutora em Ciências pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP com período de intercâmbio na University of Durham, Reino Unido. Ela realizou Pós-doutorado na Universidad de Murcia, Espanha.