Hoje vamos falar sobre o que esperar quando você passa por um processo de transformação pessoal… não com relação a você mesmo, mas com como os outros veem essa transformação.

Algumas pessoas serão afetadas toda vez que passarmos por um processo de desenvolvimento: nós mesmos… e todo mundo que está ao nosso redor e que interage conosco ou é impactado de alguma forma por nós!

Ao mesmo tempo que nosso cérebro passará por mudanças para geração de novas mentalidades, hábitos, competências e etc, os mapas mentais e leituras que as pessoas têm com relação a nós também serão impactados e transformados. E esse é um processo complexo e com algumas especificidades. Vejamos.

Algumas vezes as pessoas nem saberão que você está passando pela transformação, e portando não enxergarão tão facilmente suas mudanças. Isso acontece porque nosso cérebro tende a olhar para o mundo de acordo com os filtros já consolidados, sempre buscando fortalecer algum significado ou informação que já faz sentido para ele. Isso, por sua vez, acontece pela necessidade que o cérebro tem de gastar menos energia e trabalhar com a certeza para nos proteger, o que por vezes será muito eficiente, mas por outras gerará aquele viés que chamamos em inglês de ‘confirmation bias‘. Esse termo expressa o entendimento de que meu cérebro enxergará mais facilmente aquilo que confirma o que eu penso e acho a respeito de algo, o que, quando alguém está passando por algum desenvolvimento do qual eu não sei, será fator importantíssimo em minha capacidade de (não) perceber que alguma mudança está acontecendo.

Outro fator importante que acontece quando alguém não sabe a respeito do processo de transformação é ver a situação como uma potencial ameaça quando se percebe as mudanças que estão acontecendo, mas não se sabe para onde elas levam, nem qual sua motivação (esse é um dos grandes desafios do Change Management, por exemplo). De novo estamos lidando com nosso cérebro nesse cenário e a busca pela certeza. Veja, quando estou acostumado com a leitura que faço a respeito de alguém ou alguma coisa e começa a haver uma mudança sem eu saber que efeito poderá ter sobre mim, meu cérebro automaticamente liga a ‘luz amarela’ para sinalizar que alguma ameaça está vindo pela frente e portanto é necessário que eu me proteja – daí ver a mudança que não entendo como um potencial risco/perigo.

Um próximo ponto importante é o fato de que, mesmo quando alguém sabe da mudança que estou trabalhando, não existe total certeza de o quê o novo cenário representará e também haverá a necessidade de se ajustar e acostumar a ele, o que impacta nos processos de transformação e consolidação de novos caminhos neurais nas pessoas e desconstrução dos vieses anteriores. Ou seja, ainda que as pessoas tenham conhecimento do processo de desenvolvimento de alguém, haverá um tempo para que processem o que está acontecendo (cognitiva e emocionalmente), aprendam a lidar com esse novo cenário e se acostumem com ele… e, diferente da pessoa que passa pelo processo estruturado ou intencional de mudança, essas pessoas têm um papel ‘passivo’ nisso, já que a mudança não foi motivada por eles.

E qual a importância de saber dessas coisas? Bom… é bem comum vermos as pessoas se esforçarem muito para aprender, melhorar, consolidar os novos aprendizados durante um processo intencional de desenvolvimento e por vezes se frustrarem com a lentidão ou falta de percepção que os outros têm de tudo isso, podendo cair na desmotivação ou até na desistência. Por isso é tão importante conhecer o que acontece com as pessoas que estão de fora. Inclusive, ao saber disso fica até mais fácil gerenciar as pessoas enquanto você passa pela transformação – chamar para um café, um bate-papo, para compartilhar no que você está trabalhando, o que está acontecendo com você enquanto avança, ao mesmo tempo que escuta o que a pessoa está vendo e/ou não para incorporar ao seu aprendizado.

Pois é… falar sobre desenvolvimento humano é muito complexo e envolve muitas esferas e não somente aquele indivíduo ou grupo que passa pelo desenvolvimento em si.

Não desanimar, entender que é natural essa diferença no avanço interno e externo e até usar isso como oportunidade de alinhamentos, checagens e compartilhamento pode ajudar o sujeito da transformação e contribuir para a maximização da percepção externa, além de ainda trazer o bônus do estreitamento das relações.

Como essas informações podem ajudar você hoje? Pense e aja!

É isso aí.

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