Caio Fernando Abreu, autor e jornalista renomado, certa vez disse que às vezes é preciso “[…] fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração. Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo”.

Por diversos momentos na vida, somos demandados pela necessidade de mudança. Seja ela no campo profissional, pessoal, emocional ou afins, é preciso sempre buscar a evolução e isto é fato.

É comum, porém, que apesar de estarmos cientes da necessidade de evolução e de mudança, nos depararmos com diversos obstáculos que possivelmente nos impedem de avançar no percurso. Hoje gostaria de propor uma reflexão: o que realmente te impede de romper as barreiras e alcançar metas e objetivos?

Quando entendemos que empecilhos são naturais em um determinado caminho, passamos a desenvolver a capacidade de lidar com possíveis bloqueios. Frank Clark, jogador de futebol americano, afirmou que se encontramos um caminho onde não há obstáculos, ele provavelmente não levará a lugar nenhum. Isto me faz acreditar que não deveríamos, portanto, nos surpreender com um impedimento. São partes do processo. A grande questão é: como encará-los e lidar com o surgimento deles?

Imagine que você ocupa uma posição de destaque em uma determinada empresa. Em função disso, diversas outras pessoas estão sob sua responsabilidade e respondem a você, sobre o trabalho que desenvolvem individualmente dentro da organização.

Em um determinado dia, porém, você envia um e-mail a um outro integrante de seu departamento e ele não consegue compreender exatamente sua solicitação e desempenha uma ação diferente da tarefa que você realmente solicitou.

A falha na comunicação ocasiona o surgimento de um grande problema dentro do departamento onde trabalham. Este problema pode afetar o trabalho de vários outros departamentos que estão interligados ao seu e atrasar a entrega de um determinado serviço.

Rapidamente, o problema é levado até você, para que tome ciência da ocorrência e decida como proceder em relação a isso. Agora me responda: qual seria o seu primeiro passo, afinal, para tratar o surgimento de um problema que surgiu de uma falha inesperada e que pode, no fim das contas, comprometer todo o processo?

É esperado que muitos dos leitores ou até mesmo líderes que estivessem numa situação semelhante a este exemplo, procurassem atribuir a culpa do problema ao destinatário do e-mail, que não entendeu sua solicitação conforme gostaria de fato.

Isto, porque é comum que na vida, como um todo, sempre procurarmos pelos culpados por ocasionar um determinado conflito antes mesmo de abraçarmos a responsabilidade de objetivo para nós. No entanto, se o tempo usado para atribuir culpa for usado para encontrar a resposta, todo o processo de reparo seria otimizado.

Estamos tratando de uma hipótese. Agora, reflita comigo por quantas vezes nos deparamos com obstáculos no decorrer de nossa caminhada e estagnamos em frente a eles justamente por não entendermos que o responsável pela resolução somos nós?

Aliás, deveríamos inclusive renomeá-los. Não são impedimentos ou obstáculos. São desafios. E desafios vêm com o intuito de nos colocar à prova e nos fortalecer.

Estagnar ou deixar de percorrer um trajeto não deve ser uma opção, tanto quanto encontrar culpados também não deve. O primeiro passo para superá-los, entretanto, é entender que o único responsável por estagnar sua caminhada é você mesmo. Todos os outros desafios se tornam menores e superáveis quando a decisão de seguir parte de quem deve enfrentá-los.

Talvez o maior desafio em superar um trauma, problema ou circunstância que te impede de caminhar, seja convencer a si mesmo de que é você o responsável por seu sucesso. É comum que nós atribuamos a decisão de um determinado conflito a tudo – menos a nós.

É claro que é difícil prever ou impedir o surgimento de um desafio, até porque, como dissemos anteriormente, eles fazem parte do processo natural de viver.

No entanto, quando deixamos de terceirizar a responsabilidade de resolução e deixamos de atribuí-la a outras pessoas e razões, entendemos que o dever de romper e vencer é nosso. A responsabilidade por seu crescimento é sua! Ninguém deve ser mais interessado em evoluir em seu processo do que você.

E que tal começar agora mesmo a entender o que tem te impedido de avançar e conquistar seus sonhos?

Faça uma listagem de suas principais metas a curto, médio e longo prazo. Liste as razões pelas quais elas ainda não foram cumpridas e os principais obstáculos em realizar cada uma delas. O que te impede de realizá-las? Seja claro ao descrever os empecilhos que te mantém longe de seus objetivos.

Agora se pergunte: como você pode se posicionar de modo a favorecer o alcance de cada um desses pontos? O que pode fazer para contornar os desafios que descreveu e seguir no percurso? E em quanto tempo você acredita ser possível vencê-los e avançar?

Agora coloque em prática! Esqueça quem ou o quê são os culpados pelo surgimento do desafio e foque em resolvê-lo.

Parafraseando Carlos Drummond de Andrade, sempre haverá uma pedra no meio do caminho. Contudo, desistir não é uma opção. Contorná-la e continuar seguindo, sem dúvida, deve ser a prioridade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *