Há um tempo participava de um evento e um dos palestrantes foi convidado para conversar com líderes que têm sido pioneiros em suas áreas de atuação. Uma das coisas que ele falou foi: ‘Se vocês querem chegar onde ninguém chegou, não adiantará querer fazer o que os outros fazem. E se vocês querem chegar onde ninguém chegou, têm de estar preparados para errar.”

A segunda parte dessas palavras inspirou a reflexão de que é verdade… não posso pensar que estarei num lugar em que ninguém jamais esteve considerando que estarei 100% pronto ou preparado. Afinal, se ninguém viu, conheceu, registrou… não há como ter todas as informações ou total previsão do que pode acontecer.

Lembro uma época (faz tempo…) em que escalava de forma amadora, quando conheci alguns profissionais em minhas aventuras que tive oportunidade de ver ‘abrir vias’, como eles chamavam. Eles estudavam a parede ainda não escalada e começavam cuidadosamente a avaliar as possíveis vias de subida. Escalavam um pouco e paravam para colocar um pino na pedra; e nesse processo havia variáveis inesperadas, o que por vezes fazia com que caíssem num pêndulo correspondente à altura do quão distante estavam do último pino colocado. Não raras vezes eles batiam nas pedras e se ralavam… mas o mais bacana é que quando esse tipo de coisa acontecia eles estavam preparados pra lidar com a queda e retomar o trabalho. Ou seja, errar fazia parte de ser pioneiro… e aprender a errar era essencial para o sucesso.

Outra experiência que tive na vida (essa de forma mais profissional) foi ser atleta de volteio – uma ginástica olímpica sobre o cavalo. Nesse esporte até 3 pessoas podem estar juntas sobre o cavalo ao galope, e portanto muita coisa pode dar errado. Quantos tombos desajeitados podem custar muito caro. E justamente por isso minha técnica conduzia treinamentos em que praticávamos somente o cair ou descer do cavalo, aperfeiçoando nossa capacidade de chegar ao chão rolando para minimizar ao máximo os potenciais danos. Mais uma vez, era essencial aprender a errar para ter sucesso.

No mundo do desenvolvimento humano é comum lidar com pessoas que evitam o erro a todo custo, e isso inclusive já foi matéria de outros textos que escrevemos. E as pessoas evitam com tanto afinco que se aprimoram na análise, projeção de cenários, tomada de decisão… mas em geral ao se tornarem mestres em evitar o erro deixam de considerá-lo como parte do cenário futuro – especialmente se esse cenário for inovador.

E isso traz dois potenciais riscos: o de haver tanto medo a ponto de prejudicar o timing ou a qualidade da exploração/avanço; bem como o de haver uma ‘catastrofização’ do erro quando acontecer, levando a um cenário ainda mais complexo frente às respostas humanas àquele erro, ou mesmo havendo a desistência do caminho que se pretendia seguir. Ou seja, ou tenho medo demais do possível erro antes, ou ajo desesperadamente quando ele acontece.

Aprender a analisar, planejar, projetar e fazer estratégias bem-sucedidas é essencial a todo ser humano que deseja ter sucesso na vida. Mas, tão importante quanto isso é aprender a errar… contar com o erro e se preparar para ‘aprender a rolar’ quando ele acontecer, como era no caso do volteio. Aliás, resiliência e criatividade – competências tão desejadas em qualquer contexto – estão diretamente relacionadas a essa capacidade de saber errar. Quanto mais eu considero o erro como parte do processo, mais eu lido com ele com objetividade, o que afeta a resiliência. Quanto mais eu considero o erro como parte do processo, mais ousado fico para testar caminhos diferentes, o que afeta a criatividade.

E você? Qual é sua história? Você pretende chegar a lugares diferentes? Pretende ser alguém que sobressai na multidão? Bom… pra se sobressair, considere que você terá de chegar onde poucos ou ninguém chegou… será preciso inovar… e, pra inovar, é preciso aprender a errar.

É isso aí.

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