Outro dia conduzimos um seminário voltado ao autoconhecimento de participantes de uma organização sem fins lucrativos e abri com a seguinte frase: “Meu nome é Juliana e sou imperfeita. Estou falando com pessoas perfeitas ou imperfeitas?” Após entreolhares e algum burburinho, começaram a responder… ‘com pessoas imperfeitas’.

O evento seguiu em frente com muitas discussões profundas conduzidas com leveza, com a oportunidade real daquelas pessoas enxergarem tanto o que estava bom, como o que não estava tão bom assim.

Ao final checamos os ‘takeayaws’ (=o que elas levavam dali) e um testemunho em particular me chamou atenção: “Saio daqui vendo melhor onde verdadeiramente estou em minha jornada de crescimento, mas sinto menos culpa pelo que vejo e não gosto” Duas expressões em especial me saltaram nessa declaração: ‘jornada de crescimento’ e ‘culpa’.

Pare para refletir um pouco… será que essas duas expressões são compatíveis… ou passíveis de coexistir?

Creio que em grande parte o sentimento de culpa tem ligação com a busca frustrada pela perfeição. Ou seja, quando nos autoexigimos a perfeição, toda vez que percebemos que ela não existe o sentimento de culpa vem. E geralmente a culpa vem acompanhada da negação, da desculpa (=sem culpa), da justificativa, o que por sua vez leva à estagnação, ou à falta de desenvolvimento/melhoria.

Afinal, se não tenho algo a ser trabalhado, ficarei onde estou… ou na minha ‘ilusória perfeição’. Ao esperar perfeição de nós mesmos, nos tornamos reativos a enxergar a realidade como ela é… ou como ela está. E, ao nos fecharmos para perceber a verdade, fechamos as portas da nossa jornada do crescimento. Que ciclo, hein?!

Agora avance em sua reflexão… Você já experimentou tomar um remédio sem saber o que tem de errado com você? Seria sábio negar o que não está bom e assim não ‘atacar o problema’ para ficar saudável? Parece que não, certo? Então por que fazemos algo assim com nosso próprio desenvolvimento? Por que aceitamos um resfriado como ‘parte da vida’, mas não aceitamos o processo de desenvolvimento contínuo da mesma forma?

Quando falamos em desenvolvimento humano é até mais eficaz crescermos com base nas forças do que nas fraquezas…. mas ajustes e melhorias são inevitáveis, sob pena de pararmos no meio do caminho ou reduzirmos consideravelmente o passo. E, mais do que isso, além de não avançarmos, ao nos portarmos como ‘pessoas perfeitas’, geramos expectativas nas pessoas ao nosso redor… de que não erraremos nunca… ou seja, completando a frase do título desse texto ‘pessoas perfeitas geram expectativas imperfeitas’!

Pare para se perceber um pouco. Onde você está localizado – entre as pessoas perfeitas, que não têm nada a desenvolver e portanto geram a expectativa de perfeição nos outros; ou entre as pessoas imperfeitas e que seguem um caminho contínuo de crescimento e melhoria?

Não sei onde você está… mas eu sei muito bem onde estou e onde pretendo estar sempre – certamente no grupo das pessoas imperfeitas!

É isso aí.

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