“Sim, foi culpa dele!”
“Por causa dele estou onde estou! Se ele não tivesse feito o que fez, nada disso estaria acontecendo.”
“A minha vida não dá certo porque as pessoas me atrapalham.”
“Nosso país não tem mais jeito, vamos embora. É o fim!”
A culpa é do outro…sempre do outro.
Por que temos tanta dificuldade de olhar pra nós mesmos e assumir o que é necessário mudar ou ser melhor?!
Primeiro vamos pensar um pouco sobre o nosso funcionamento.
Nós sabemos que o nosso modelo mental determina a maneira como vemos o mundo, o que acreditamos sobre o mundo e sobre nós. O nosso modelo mental é formado ao longo da nossa vida e é influenciado por várias coisas: a educação que tivemos, o ambiente que convivemos, as crenças que adquirimos (pessoais e coletivas), as experiências que passamos, a nossa personalidade, tudo isso molda o nosso jeito de pensar. E o nosso jeito de pensar define como vamos agir e os resultados que vamos colher.
A questão é que mesmo que tenhamos tido uma história difícil, com influências não tão positivas, ou não tão estimuladoras, mesmo que o nosso pai tenha sido ausente, ou que nossa condição financeira tenha sido ruim, isso não invalida a nossa capacidade de escolher assumir a responsabilidade pela vida que queremos levar.
A própria neurociência comprova que o nosso cérebro é plástico, ou seja, ele é capaz de construir novas conexões e tomar novas formas de pensar, ser e agir.
Com exceção de casos patológicos, saber disso deveria ser o suficiente para que pelo menos parássemos para pensar sobre o assunto.
Por exemplo, agora mesmo enquanto você lê esse post, vamos pensar em dois tipos de modelo mental predominantes em nossa sociedade citados pelo estudioso do comportamento Danny Silk: “Pessoas Poderosas” e “Pessoas impotentes”.
Depois de ler pare por um instante e pense qual dos dois tipos mais aparecem em sua vida.
Pessoas impotentes: Normalmente usam expressões como “Não posso”; “Tenho que”; “É difícil demais”; “Tenho que limpar a cozinha”; “Tenho que ir a escola”; “Preciso passar tempo com fulano”.
Todas essas afirmações refletem a seguinte mensagem: “Sinto-me impotente para assumir a responsabilidade pelos meus atos, então direi que alguém ou alguma coisa está me obrigando a fazê-lo”.
As pessoas impotentes também dizem “Vou tentar”, como uma forma de absolvê-las se não tiverem êxito em um compromisso ou uma promessa.
Elas sempre colocam a culpa dos seus erros em outras pessoas. O motivo pelo qual a vida delas – seu casamento, seus filhos, suas finanças, seu emprego ou o que quer que seja – está ruim não tem nada a ver com suas escolhas. É sempre outra pessoa – seus pais, seu cônjuge, seus professores, a sociedade – que criou a vida que elas estão vivendo. Elas não tem o poder para criar a própria vida.
Então para sobreviver elas irão procurar pessoas que consigam controlar e que validem seus comportamentos e maneira de pensar, pois isso dará a elas a sensação de apoio e de que esse é o certo a se fazer. É como uma forma de autoproteção. O problema é que quanto mais elas escolhem esse tipo de situação, mais reforçam o modelo mental de impotência. E se algo não acontecer, elas passarão a vida inteira frustradas e reclamando dizendo que alguém é culpado por tudo ou pela maior parte do que aconteceu em suas vidas.
Por outro lado, pessoas poderosas, criam de forma consciente o ambiente que querem viver. Se elas querem cultivar relacionamentos saudáveis, são elas as primeiras a se posicionarem em construir isso, estabelecendo assim o padrão que querem ver. Elas não cobram ou acusam o outro de não fazer. Elas se posicionam intencionalmente e criam a cultura que querem ver.
Para elas o princípio de tratar os outros como gostaria de ser tratado é tão verdadeiro que é natural agir cultivando ambientes que promovem crescimento. E a medida que elas agem consistentemente de forma responsável, respeitosa e amorosa, fica claro o tipo de pessoa que irá se aproximar delas.
A vida não simplesmente acontece para as pessoas poderosas. São as pessoas poderosas que acontecem. Elas não se contaminam pelo ambiente impotente que as cerca e se recusam a ser vítimas da vida. Elas também vão estimular e até exigir dos que o cercam que sejam poderosos.
Quando elas encontram uma pessoa impotente, não ficam absorvidas por ela. Elas ouvem a história triste dessa “vítima” e perguntam: “E então, o que você vai fazer a respeito?” “O que mais você poderia tentar de diferente? ”
Essas perguntas confrontam os impotentes com sua responsabilidade e capacidade de fazer escolhas e controlar a si mesmos. Essa é a única opção que uma pessoa poderosa dará a uma pessoa impotente: tornem-se poderosas, façam escolhas e controlem a si mesmas.
Agora que você leu um pouco sobre esses dois tipos de modelos mentais, pense:
Quais padrões você percebe em você?
E nas pessoas que estão mais próximas e andam com você?
Identificar isso ao nosso redor também pode nos ajudar a discernir que tipo de influência temos permitido entrar em nossas vidas. Das pessoas com pensamentos limitados e focados somente em achar culpados, ou daquelas que nos ensinam a olhar pra nós mesmos, que nos desafiam, nos provocam e nos confrontam para sermos melhores?!
Lembre-se, você pode escolher ser uma pessoa poderosa/protagonista e assumir a responsabilidade pelos ambientes que quer ver. Pra isso:
- Seja sincero consigo mesmo e pare para olhar primeiro pra si.
- Tenha coragem de ser imperfeito e encare isso como oportunidade.
- Busque intencionalmente mudar sua forma de pensar e adote pensamentos e comportamentos mais construtivos.
- Procure por ajuda e seja humilde para se deixar ser trabalhado.
- Defina que tipo de pessoa você deve deixar te influenciar, e ande com aqueles que te confrontam porque sabem que você tem mais potencial para viver. Aqueles que só concordam e validam o que você faz podem estar apenas buscando uma forma de validar a própria impotência.
- Tome decisões poderosas e ajude a construir um mundo melhor. Não fuja dele! Faça você a diferença que o mundo precisa ter!