Uma das coisas que sabemos sobre o cérebro é que ele está constantemente tentando nos proteger, o que envolve desde nos fazer correr rapidamente quando há um perigo iminente, até aspectos como poupar energia, já que sem ela a vida não é possível. Uma das coisas que geram grande gasto de energia é lidar com a incerteza, pois, como não se sabe se o que vem pela frente é um perigo, utilizamos muitos recursos para prever todas as possibilidades e nos preparar para lidar com o futuro, sobrando menos para todo o restante de nossas funções vitais. Por isso é tão difícil lidar com a incerteza para qualquer pessoa.

Mas, se por um lado esse desconforto é um padrão natural do ser humano, por outro vejo muitas pessoas apresentando algo fora da curva, ou uma necessidade muito forte de controle. São indivíduos que passam seu dia funcionando como um verdadeiro radar que busca prever continuamente o que poderá vir pela frente, se preocupando incessantemente com os possíveis resultados e dessa forma vivendo em constante estado de ansiedade, por vezes chegando à exaustão e burnout.

Essas são pessoas que buscam controlar processos, resultados, reações, interpretações, demandas, respostas… e isso pode acontecer em qualquer ambiente e relacionamento – no trabalho, numa comunidade, na família, no casamento…

Tem-se falado muito sobre o mundo VUCA que vivemos (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) e as competências do futuro. O Fórum Econômico Mundial tem colocado a Flexibilidade Cognitiva como uma das 10 competências mais importantes para 2020, sendo que essa competência constitui a capacidade de desenvolver ou usar diferentes conjuntos de regras para combinar as coisas de diferentes maneiras – ou, em uma linguagem bem simples, nossa capacidade de gerar mudanças e nos adaptar a elas. Ou seja, o mercado tem demandado que aprendamos a conviver competentemente com a incerteza e a falta de controle!

Como falei antes, conheço várias pessoas que têm a necessidade de controle – tanto em minha atuação profissional como vida pessoal. Aliás, eu mesma sou uma ‘controladora em recuperação’. E uma das coisas que mais tenho aprendido – tanto na minha própria jornada como na de pessoas de cuja transformação tenho o privilégio de facilitar – é que desenvolver a capacidade de adaptação não somente é possível como nos traz inúmeros benefícios.

Conversava com uma cliente que tem passado por essa transformação e trago algumas de suas palavras: “A adaptabilidade é algo necessário e libertador. Prefiro a adaptabilidade ao controle. Antes eu ficava muito tensa, pois é impossível você controlar tudo – é antinatural. A chance de acontecer algo contrário ao que queremos é sempre real e parece que seremos pegos de assalto o tempo todo! O controle é um quadrado, enquanto a adaptabilidade é uma bola. O controle cria atrito e a adaptabilidade é fluida – faz com que a gente curta a experiência.”

E o mais bacana é perceber o entusiasmo e energia que minha cliente traz quando hoje exemplifica situações em que é adaptável e os resultados que obtém por meio da adaptação. Aliás, isso acontece comigo também! No momento em que conseguimos mudar o foco do controle para a adaptabilidade, a incerteza deixa de ser uma ameaça e passa a trazer a oportunidade de autossuperação, o que está totalmente alinhado ao conceito de Mentalidade de Crescimento, de Carol Dweck, tão largamente ‘pregado’ no contexto atual e já explorado em outros textos e vídeos da R122.

Aprendi que é possível (e produtivo) levar as coisas a sério com leveza e acredito que a adaptabilidade tem grande papel aqui. Saber cair, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima não pode ser só um ditado – tem de ser uma realidade na vida de qualquer um.

E agora chega a hora daquele velho e bom convite à reflexão: onde você está – no controle ou na adaptabilidade? Como seria se você avançasse um degrau em sua capacidade de adaptação, inclusive passando a ver as mudanças como reais oportunidades e desafios positivos?

Pegue suas respostas e faça algo a respeito – 2020 está chegando!

É isso aí.

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