Sabe quando você se propõe a fazer um regime? Pode ser uma proposta de começo de ano ou começo de semana… no início você pega firme, se planeja e faz tudo direitinho como propôs. E tudo vai bem na segunda-feira… na terça… até que na quarta você tem um momento de estresse maior e se entrega a uma fatia de bolo de chocolate, que na ocasião parece a salvação de todos os males do universo, até que vem o remorso total e a sensação de que você voltou à estaca zero, o que provavelmente o fará devorar o bolo até o final e esquecer de vez aquela proposta tão infalível do regime.

Ainda que essa seja uma situação específica e colocada de uma forma leve, ela retrata muito bem algo que lido todos os dias com nossos clientes e que traz grande frustração: o pensamento binário do ser humano quando se trata de qualquer avanço de longo prazo – ‘deu certo/deu errado’.

É bastante comum ver pessoas que estabeleceram seus alvos e seus planos começarem avançando com grande entusiasmo, até que frases como ‘larguei o corrimão’, ‘não estou mais conseguindo’, ‘não vou conseguir me manter focado’, ‘deixei tudo pelo caminho’ e tantas outras surjam. Esse é o momento em que essas pessoas passam do ‘deu certo’ e vão em queda livre para o ‘deu errado’, o que vem carregado de grande culpa, frustração, e muitas vezes seguido por um enorme ‘pé na jaca’ (como por exemplo comer o bolo inteiro!).

Lembrando um pouco como são formados novos hábitos, geralmente eles são resultado de 4Cs: Consciência, Cadência, Consistência e Coração (veja nosso post sobre os 4Cs). Quando uma pessoa se propõe a desenvolver algo diferente na vida, há um esforço inicial maior e a possibilidade da automatização depois de um tempo, e nesse sentido costumo usar o exemplo de dirigir com as pessoas.

No início, quando você começa a dirigir, tudo é novo e estranho: Onde fica o pedal do freio? Pra onde tenho de olhar mesmo? Aquele carro pode estar assim tão perto? Qual a velocidade dessa via? Como eu faço essa baliza, meu Deus?! Mas com o passar do tempo isso tudo vai ficando automático com a prática, até que você deixa de se esforçar para dirigir.

E, se no desenvolvimento da habilidade de direção há um deslize, uma falha, um esquecimento, ainda que as pessoas possam se achar ‘barbeiras’ elas não desistem, pois há um alvo maior que é a facilidade de locomoção que o automóvel traz. E por isso elas seguem em frente e acabam avançando em sua habilidade. Sem perceber, ao invés de trabalhar no ‘deu certo/deu errado’, elas se movem como se subissem uma escada – o deslize é como voltar alguns degraus, mas não voltar ao início!

Esse pensamento é fundamental para que tenhamos a serenidade para encarar qualquer processo de desenvolvimento e não desistamos no meio do caminho e compartilho consistentemente com as pessoas quando as vejo caindo na armadilha do ‘deu certo/deu errado’. Se entendermos o desenvolvimento como uma escada, podemos pensar que cada avanço é como um novo degrau, enquanto cada deslize ou distração é como um degrau que retornamos, mas continuamos subindo a escada como um todo – foi somente um degrau!

Pare pra refletir: quantas vezes você se propôs a algo e no primeiro deslize teve a sensação ‘deu errado’, desacreditando e às vezes desistindo de seu alvo? O que aconteceria se você começasse a entender que todo e qualquer novo alvo representa uma escada, e que deslizes não o levam de volta ao início, mas apenas a retornar alguns degraus? Isso facilitaria o foco em seu avanço e a persistência para chegar lá?

Se a resposta for sim, convido-o a testar isso em sua vida de uma forma bem consciente…. e convido-o a começar hoje, agora! Pra que esperar pra começar o primeiro degrau?

É isso aí.

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