“Katherine Alsdorf […] entende bem essas três buscas: busca de significado para a vida por intermédio de um diploma de faculdade, busca de prazeres e aventura depois de formada, vindo, então, um mergulho quase desesperado no trabalho e na carreira profissional aos 30 e poucos anos, em um esforço inútil de conferir um propósito à vida. Katherine passou a acumular realizações e também prosperidade financeira, contudo tornava-se cada vez mais estressada e até mesmo cheia de amargura […] Suas realizações nunca eram suficientes, e os fartos benefícios nunca eram gratificantes. Como ela mesma explicou: “eu não suportava a ideia de que era tudo sem sentido, assim simplesmente baixava a cabeça e trabalhava mais duro ainda”. Por fim, ela passou a considerar o evangelho de Cristo, porque as filosofias desse mundo não a estavam conduzindo a lugar nenhum. O vazio da vida a empurrou para seu próprio entendimento dessa transcendente singularidade de Deus”. (trecho extraído do livro “Como integrar fé e trabalho”, de Timothy Keller e Katherine Alsdorf)
Esse relato e a leitura do livro, me fez pensar bastante sobre o significado do trabalho e sobre a construção da trajetória profissional de cada indivíduo. Vejo que Katherine representa muitas pessoas que ao mergulhar em uma trajetória profissional ascendente, com compensações diversas, segue por um caminho que hora ou outra trará a pergunta – qual o sentido de tudo isso? Que vida estou vivendo?
Quando fazemos perguntas, precisamos criar espaço para que surjam as respostas. Um respiro. Introspecção. Reflexão. Abertura para escutar e sentir.
Algumas pessoas que procuram o Coaching para pensar em sua trajetória profissional, decidem rever por completo sua atuação – mudam de área, de função, de rotina… Porque no momento de escolher uma graduação e as decisões que tomaram ao longo do caminho, foram guiadas muito mais pelo que o mercado poderia oferecer ou pelos caminhos mais fáceis, do que por aquilo que gostariam de fazer e que acreditavam de fato.
Quando essas pessoas se deparam com suas reais motivações, propósitos, valores, potencial, talentos e capacidades sentem que precisam tomar uma decisão para ter uma vida diferente e decidem arriscar algo novo. Mesmo que com relação ao status social, tenham uma mudança importante.
Outras pessoas, ao se perguntarem se estão “no caminho certo”, descobrem uma nova forma de enxergar e viver o próprio trabalho. Percebem que sua missão de vida está sim conectada ao que já fazem. Mas não tinham consciência disso. E continuam sua trajetória nos mesmos moldes de trabalho, mas com um significado totalmente diferente.
Esse espaço para pensar e fazer escolhas sinceras, permite uma construção diferente de quando se está no piloto automático na carreira. A trajetória ganha um novo sentido.
Retomando um pouco das reflexões trazidas no livro citado, deixo algumas perguntas:
- Para que serve meu trabalho?
- Por que faço o que faço?
- Qual é a minha missão?
- Quais são meus dons e capacidades? Que escolhas fazer para considerá-los em minha atuação?
- Qual é o propósito maior do meu trabalho? Meu emprego, organização ou indústria, torna as pessoas e o mundo melhores?
Talvez você não tenha as respostas claras ou talvez as tenha, mas as implicações práticas não são das mais simples e fáceis de lidar.
De qualquer forma, a mudança começa de uma análise atual verdadeira. Parte também de sonhar, ter visão e fé em um futuro diferente. E passa por definir e dar os passos para chegar em um novo lugar.
Nesse percurso pautado em algo maior e em decisões de longo prazo, aprender a lidar com o imediatismo e ansiedade é fundamental.
Vale sempre lembrar: quanto à carreira, não existem caminhos perfeitos, nem somente realização e felicidade constante. Mas existem escolhas que fazem sentido e que compõem a jornada de uma trajetória profissional que vale a pena seguir.