Vivemos um mundo VUCA. Este acrônimo de palavras em inglês, surgiu na década de 1990 para definir o mundo Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo do contexto pós-Guerra Fria, sendo que no contexto corporativo ele começou a ser usado mais recentemente para se embasar o cenário altamente fluido que vivemos e as necessidades de adaptação daí decorrentes.
Como um Líder pode atuar de forma positiva neste contexto, onde as mudanças são ágeis?
Ao pensarmos sobre isso, chegamos a uma habilidade essencial a ser desenvolvida – a Adaptabilidade. Um Líder com esta habilidade consegue gerenciar bem sua equipe e avançar em direção aos resultados. Ao aprofundarmos a nossa reflexão, paramos para pensar também em como o Líder-Coach atua neste contexto atual. Um Líder que desenvolve habilidades de Coaching seria um Líder mais preparado para lidar nesta realidade? A nossa resposta é que sim!
Um líder-coach tem, dentre suas capacitações, a de ‘estar presente’, no momento, sendo apto a ‘dançar conforme a música’. Ele desenvolve isso porque, ao ser facilitador do crescimento de outras pessoas está sempre atento ao momento delas e aquilo que pode ser utilizado para seu ‘empoderamento’ e crescimento. Com isso o líder-coach desenvolve também uma maior intuição e condições de tomar decisões com menos informações, sendo mais ágil a responder ao contexto como ele se apresenta.
Além disso, o Líder-Coach cria ambientes de reflexão, espaços mais colaborativos que promovem inovação e engajamento das pessoas.
E o mundo VUCA exige profissionais assim… que sejam capazes de estar no presente, com sua escuta ativa e capacidade intuitiva para fazer os ajustes e rapidamente mudar de direção, ainda assim sendo eficazes na tomada de decisão quanto ao que deve ser feito a seguir.
Se você sente que esta é uma necessidade de desenvolvimento em sua organização ou em você mesmo, o que é positivo é que o Estilo de Liderança com base no Coaching pode ser aprendido, como qualquer outra habilidade! Claro que um Líder-coach não vai se desenvolver apenas com conceitos aprendidos. Como todo histórico de habilidades, nada é um passe de mágica. Ele terá de fazer, checar, fazer de novo, distender, usando sempre o que ensinamos dos 4Cs da Transformação (leia aqui).
Veja abaixo as diferenciações de Fases da Liderança e pense que fase é mais predominante em seu contexto:
Fase 1: O Executor
Ao chegar numa primeira posição de líder de pessoas, o indivíduo em geral sabe fazer aquilo que agora precisará realizar por meio de outras pessoas. No ímpeto de entregar seu melhor, o movimento automático desse líder é entrar na execução, pois ele entende que assim terá resultados melhores e mais rápidos.
Fase 2: Consultor
Não leva muito tempo para esse líder perceber que não será possível realizar as tarefas de toda equipe. Mas, novamente, como ele sabe fazer, sobe para a posição do consultor – daquele que diagnostica a situação e dá os direcionamentos à equipe, deixando-os realizarem o que foi orientado. Nessa fase o líder parte do pressuposto de que, se ele sabe fazer e se passou as orientações, é natural que os outros façam do mesmo jeito que ele faria. O problema é que cada um funciona de um jeito e muitas vezes, ao voltar para checar a execução dos trabalhos, esse líder percebe que a bola ‘ficou quadrada’.
Fase 3: Mentor
É nesse momento que o líder percebe que precisará acompanhar mais de perto sua equipe durante a execução daquilo que foi orientado. Nessa fase ele se propõe a fazer mais acompanhamentos e dar mais feedbacks, ensinando e ajudando a aparar as arestas enquanto as pessoas avançam na execução de suas tarefas. Quanto mais maduro na sua liderança como mentor, mais esse líder entenderá que cada pessoa precisará de um nível de proximidade, sendo que alguns comportarão que ele aja mais como consultor, e outros precisarão de sua ajuda na própria execução. Esta é uma fase incrível! Mas, pode chegar o momento em que o líder se sente esgotado, pois precisa estar presente sempre. Além disso, ele percebe que, por ser referência absoluta, sua equipe acaba se tornando dependente de sua presença e direcionamento. Como resultado, além do esgotamento mental, físico e emocional, esse líder também corre o risco de ter uma equipe infantilizada que não consegue trabalhar direito em sua ausência, impactando negativamente na sua própria capacidade de trabalhar de forma estratégica.
Fase 4: Coach
É aqui que o líder atinge o cume de seu potencial! Ele aprende a desenvolver novas habilidades direcionadas a facilitar a equipe a pensar, tomar decisões, assumir riscos e amadurecer. Nessa fase o líder aprende a fazer perguntas poderosas, escutar de forma ativa, comunicar-se com inteligência e trabalhar com acordos claros, além da ação e responsabilidade autodirigida de sua equipe. Com isso ele fomenta um ambiente seguro para as pessoas pensarem e crescerem, enquanto ele mesmo consegue se focar em atribuições mais amplas e estratégicas.
Nessa fase o líder aprende a usar cada uma das suas facetas de acordo com a demanda real. As situações deixam de ter todas o mesmo nível de urgência e passam a demandar que seja sempre coach…. Mas que por vezes também seja mentor, consultor e até mesmo ocasionalmente executor.
Ao pensar no conceito VUCA e nas 4 fases da Liderança, que insights surgem para você?
A organização que investe em líderes que formam equipes maduras e eficazes conseguiu entender que atuar de forma estratégica no desenvolvimento de sua principal força motriz – as pessoas – é uma escolha por vezes dura, mas que em algum momento representará a linha entre o sucesso e o fracasso; entre o avanço e a estagnação! Ao estabelecer uma cultura de coaching nas organizações, as pessoas se tornam facilitadoras do desenvolvimento umas das outras, o fluxo de raciocínio se torna mais produtivo, as distrações com conflitos internos e externos são reduzidas e a eficácia aumenta.
(Texto escrito por Juliana de Lacerda Camargo e Patrícia Schuindt)